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Comemorado com ouro

Nos meus tempos de menino e moço costumava passar as férias em casa dos meus avós maternos. Muitas vezes acompanhei o meu avô a casa dos seus fregueses, espalhados pelos mais variados sítios da nossa serra, pois ele era carpinteiro. E lembro-me que quando encontrávamos alguém pelo caminho a saudação geralmente era proferida com a expressão: «Vá com Deus.» Ou «Venha com Deus.». Ao chegarmos a casa das pessoas o meu avô tinha por hábito cumprimentar: «Teja com Deus.» E os donos da casa respondiam: «Venha com Deus» ou «Dês lhe dê a salvação.» Cresci neste ambiente de paz, numa terra de gente de paz.

E foi com grande apreensão, que assisti ao avolumar da tensão entre os EUA e a Coreia do Norte. Chegou a parecer impensável que Trump e o ditador norte-coreano aceitassem reunir-se, depois de uma série de ameaças e troca de insultos pessoais. Mas em Março Trump aceitou o convite de Kim a quem até então apelidava de “homem-foguete”, de “psicopata” e “lunático imprudente”.

Uma figura essencial nesse processo foi o presidente sul-coreano, que chegou ao poder em Maio de 2016, disposto a negociar com a Coreia do Norte, pondo de lado a postura adoptada pela sua antecessora, Park Geun-hye, que entretanto foi presa por corrupção.

Moon Jae-in e Kim Jong-un também iniciaram conversações num encontro histórico em Abril, nessa altura comprometeram-se a assinar um acordo de paz para acabar com a guerra entre as Coreias ainda durante este ano.

Essa guerra foi interrompida pelo cessar-fogo, mas nunca teve um fim oficial. Mas Jae-in disse que o decreto de paz só poderá ocorrer de facto após a desnuclearização da península, o que segundo ele depende muito dos rumos do diálogo entre Kim e Trump.

Singapura lançou uma medalha comemorativa com a inscrição “Paz Mundial” que custa mais de US$ 1.000 na sua versão de ouro.

A reunião debateu o fim do programa de armas nucleares e balísticas da Coreia do Norte. Além do encontro de Trump e Kim, houve diversas reuniões entre representantes dos dois países ao longo de cinco dias.

A União Europeia classificou o encontro de “passo crucial” que envia um “claro sinal” à desnuclearização da Coreia.
“Essa cúpula foi um passo crucial e necessário para aproveitar os avanços positivos conquistados nas relações intercoreanas” até a data, indicou numa declaração a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini.

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, classificou a cúpula como “um marco importante no avanço da paz sustentável e da desnuclearização completa e verificável na Península da Coreia”, segundo comunicado.
Guterres insistiu que se “aproveite esta oportunidade transcendental” e ofereceu novamente a ajuda da ONU para obter o objetivo de desmantelar o programa de armas nucleares da Coreia do Norte.

A Rádio Renascença noticiou assim o acordo estabelecido entre os dois países.

Convencido de que a implementação das novas relações entre os Estados Unidos e a DPRK contribuirão para a paz e prosperidade da península coreana e do mundo, e reconhecendo que a criação de uma confiança recíproca pode promover a desnuclearização da península coreana, o Presidente Trump e o Presidente Kim Jong-un admitem o seguinte:

1. Os Estados Unidos e a DPRK (sigla inglesa para República Popular Democrática da Coreia) comprometem-se a estabelecer novas relações entre a DPRK e os EUA, de acordo com o desejo do povo das duas nações quanto à paz e à prosperidade;

2. Os Estados Unidos e a DPRK juntarão esforços no sentido de criar um regime de paz estável e duradouro na península coreana;

3. Reafirmando a Declaração de Panmunjom, de 27 de Abril deste ano, a DPRK compromete-se a trabalhar na total desnuclearização da península coreana;

4. Os Estados Unidos e a DPRK comprometem-se a recuperar os prisioneiros de guerra e soldados desaparecidos, incluindo a repatriação daqueles já identificados.

Reconhecendo que a cimeira dos EUA-DPRK – a primeira na história – foi um evento histórico de grande importância para ultrapassar décadas de tensões e hostilidades entre os dois países e para a abertura de um novo futuro, o Presidente Trump e o Presidente Kim Jong-un comprometem-se a implementar rapidamente e por inteiro as condições desta declaração conjunta.

Esta é sem dúvida a grande notícia deste mês. No entanto, e por fortes razões de natureza humanitária não devemos esquecer o caso de Asia Bibi que no dia 19 de junho, já cumpriu nove anos de prisão, esta mãe católica foi acusada de blasfémia no Paquistão, após ter bebido água de um poço, foi apontada de ter contaminado a água por ser uma mulher cristã.

Francisco Freitas

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