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Assembleia Municipal de Monchique aprovou voto de pesar a António da Silva Carriço

A Assembleia Municipal de Monchique aprovou, por unanimidade, na 1.ª reunião da 5.ª sessão ordinária, realizada no dia 22 de novembro, um voto de pesar para o monchiquense António da Silva Carriço, que faleceu, em Lisboa, ao início da madrugada do dia 21 de novembro de 2019, com 89 anos de idade.

António da Silva Carriço nasceu em Monchique no dia 10 de maio de 1930. Foi funcionário da Câmara Municipal e em 1961 ficou responsável pela Biblioteca Fixa da Fundação Calouste Gulbenkian, lugar que ocupou durante trinta e dois anos. Nos dez anos seguintes (até 2003) passou a ter a seu cargo a Biblioteca Municipal de Monchique. Em 2004, a Câmara Municipal de Monchique deu o seu nome à Biblioteca Municipal passando a ser apelidada de Biblioteca Municipal António da Silva Carriço, «atendendo ao seu contributo e ao facto de ser uma figura proeminente na vida cultural do concelho de Monchique».

Foi correspondente do diversos jornais, sendo um dos fundadores e cronista, até à atualidade, do Jornal de Monchique.

Em 1982 foi galardoado com uma Menção Honrosa, na modalidade «Poesia Lírica», assim como outra Menção Honrosa na modalidade «Conto» em 1990, nos Jogos Florais do Algarve, promovidos pelo Racal Clube de Silves. Em 1996 foi-lhe atribuído o 2.º Prémio de Comunicação Social, a nível nacional, da Região de Turismo do Algarve, pelo artigo «O Prazer da Diferença». Em 1997 o Clube de Jornalistas de Braga distinguiu-o com o Prémio Especial Verde Minho (prémio único) patrocinado por aquela Região de Turismo, com o trabalho «O Irresistível Fascínio do Verde». Em 2002 ganhou o 1.º Prémio Manuel Teixeira Gomes, instituído pela Câmara Municipal de Portimão com o patrocínio da Delegação Regional da Cultura do Algarve, atribuído ao conto «Entre o Corpo e a Rosa», seu primeiro trabalho de ficção.

Em 1995 publicou o seu primeiro livro de crónicas «Memória das Coisas», seguindo-se, em 1998, a publicação de «O Sabor da Vida», seu segundo livro. Em 2005 editou o seu terceiro livro de crónicas intitulado «Retrato da Paisagem Enquanto Gente» e foi autor do texto do livro Zé Ventura – As Cores do Tempo, premiado em 2007 no London Book Festival. Em 2008, escreveu «Uma Abertura de Alma» para a obra António Maria Callapez – um olhar a Sul, livro-catálogo da exposição de fotografia comemorativa do centenário do seu nascimento e em 2014 publicou «Reflexos» uma obra que contém 13 contos de Natal, editado pelas Edições Paulinas.

Para além da obra produzida «deixou marcas indeléveis na memória de quem com ele privou, especialmente nas suas funções de bibliotecário que ultrapassava sempre para se tornar um amigo interessado e um conselheiro de todos, sem falsos moralismos. Educado, correto, afável, dotado de uma cultura ímpar que alimentava nas idas ao teatro, nos livros que lia, nas opiniões actualizadas que partilhava, nas viagens que não dispensava. Católico convicto, não seguia, contudo, beatices. Defendia a sua terra, mas sem fronteiras que a estiolassem. Admirava a paisagem da Foia mas bebia a poesia de Miguel Torga em S. Lourenço da Galafura de que dizia ser a paisagem mais bela de Portugal».

«A grandeza do seu exemplo, do seu carácter e da sua cordialidade permanecerá na memória colectiva, tal como viverá no tempo a sua fascinante e premiada prosa. Deixou-nos, mas, parafraseando o aforismo que ele mesmo compôs no folheto memorial que preparou para as suas cerimónias fúnebres, O lugar vazio é sempre uma presença. Até sempre Silva Carriço», conclui o documento.

 

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