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Obras do passadiço na aldeia do Alferce já estão em curso

Por Nina Muschketat

Volvidos quase cinco anos de luta para que o projeto fosse aprovado, o passadiço do Alferce começou finalmente a ser construído em dezembro passado e prevê-se que fique terminado a tempo das caminhadas do dia 1 de Maio.

Com vista a criar uma passagem entre a aldeia e o cerro do Castelo do Alferce, o projeto passa por erguer dois passadiços que atravessarão o terreno rochoso das encostas sul e norte do Barranco do Demo e que ficarão unidos através de uma ponte suspensa de 50 metros.

Ao todo, esta estrutura de madeira terá cerca de 450 metros e fará parte de um circuito pedestre de 5,5 quilómetros, com partida e chegada no Povo de Baixo, explica ao Jornal de Monchique José Manuel Gonçalves, presidente da Junta de Freguesia do Alferce. E dado que se localiza sobre o Barranco do Demo — que bem pode ser visto como “o Grand Canyon do Alferce” dada a sua profundidade, brinca o presidente -, ficará batizado como Passadiço do Demo.

Além desta travessia, a empreitada em questão engloba ainda um espaço museológico e um centro interpretativo, cujas obras engrenaram finalmente em outubro passado após uma “guerra de quase cinco anos”, realça José Gonçalves. A vontade da Junta de Freguesia era ampliar ainda mais o projeto, mas para já são estas as obras que o orçamento permite, segundo o responsável.

Obras no Centro Interpretativo

Uma vez que o Barranco do Demo se trata de uma zona protegida de desfiladeiro, o projeto requereu pareceres de cerca de 10 entidades diferentes, tais como o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e a Rede Natura 2000 (que é uma rede ecológica definida para o espaço comunitário da União Europeia com vista à preservação da biodiversidade) ou organizações ligadas ao turismo e aos recursos humanos. No fundo, “passou por todo o lado”, admite o presidente da Junta, “mas conseguiu-se”.

Quanto ao financiamento, este ronda os 500 mil euros e foi obtido com o apoio do programa PADRE (Plano de Ação de Desenvolvimento de Recursos Endógenos), que é um dos instrumentos do CRESC Algarve 2020. Do valor total, 70% provém de fundos europeus, tendo a Câmara Municipal de Monchique e a Junta de Freguesia do Alferce fornecido o restante financiamento.

Obras no Centro Interpretativo

Com este projeto, a freguesia do Alferce pretende dinamizar o turismo, assim como valorizar o património histórico e a atividade arqueológica que se tem vindo a desenvolver no cerro do Castelo do Alferce. Nos últimos anos, uma equipa de voluntários e de estudantes de arqueologia liderada pelo arqueólogo da Câmara Municipal de Monchique, Fábio Capela, tem vindo a desbravar a herança monchiquense entre as ruínas deste cerro.
São mais de 9 hectares a 487 metros de altitude repletos de vestígios arqueológicos que ajudam a decifrar as “origens” e a “identidade” de Monchique, sublinhou ao Jornal de Monchique Fábio Capela em outubro passado. Para mais, é um local que também tem interesse pela sua fauna, flora e o registo da transição geológica.

Todas as informações necessárias sobre este sítio arqueológico, assim como referentes ao contexto histórico e às atividades económicas da freguesia, estarão contempladas no centro interpretativo que está a ser criado no antigo Centro de Dia da aldeia. A sua construção “está a bom ritmo”, nota José Gonçalves, estando já “mais de 50%” desenvolvido.

Quanto à inauguração do passadiço, a ideia é tê-lo pronto antes das festividades do dia 1 de Maio para que se o possa abrir ao público com uma caminhada. Contudo, esta data pode vir a sofrer alterações devido às condições meteorológicas, ressalva José Gonçalves, uma vez que os trabalhos têm de ser suspensos durante os períodos de chuva.

As perspetivas são boas, porém, garante o presidente da Junta do Alferce: “já dá para ver bem o passadiço na margem sul do Barranco [do Demo]”. A meio de Janeiro já estavam “uns 150 metros feitos”.

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