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“O Interior pode, deve e vai acrescentar valor ao forte turismo que o Algarve tem”

Ainda que Portugal esteja a bater recordes sucessivos na área do turismo, o seu interior ainda está muito aquém do seu potencial, pelo que o objetivo é o turismo “continuar a crescer, mas em todo o território, ao longo de todo o ano, com autenticidade e sustentabilidade”, afirmou o secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Nuno Fazenda, durante a sessão do “Roteiro +Interior Turismo” que decorreu esta quarta-feira no Parque da Mina, em Monchique.

Para enfrentar esta situação, várias entidades ligadas ao turismo de Portugal resolveram dar a conhecer, perante uma sala cheia composta, sobretudo, por empresários, agentes e técnicos do turismo, as várias prioridades e linhas de financiamento que já existem no âmbito da Agenda do Turismo para o Interior.

Segundo Nuno Fazenda, a ideia desta agenda é, em primeiro lugar, impulsionar o “efeito multiplicador” do turismo, uma vez que “o turismo é mais do que hotéis e agencia de viagens”, contribuindo para diversas outras áreas como a construção, a indústria têxtil ou agroalimentar, transportes ou cultura; em segundo lugar, “diferenciar positivamente o interior”; e, por último, concretizar estes objetivos através da mobilização de recursos financeiros e da criação de instrumentos de apoio, que devem ser explicados depois “no terreno” de forma a impulsionar a criação de projetos.

Para que isto ocorra da melhor forma, foram definidas algumas prioridades, nota o secretário de Estado, nomeadamente valorizar o território preservando os seus recursos, investir nas empresas, qualificar os profissionais (tendo em vista o combate à escassez de mão de obra) e projetar o interior e os seus territórios.

No que diz respeito às linhas de financiamento, ainda na quarta-feira foi lançado o sétimo mecanismo de apoio no âmbito da Agenda do Turismo para o Interior, no valor de 15 milhões de euros, estando destinado à requalificação de imóveis nos territórios de baixa densidade. Esta medida tem a particularidade de permitir aos proprietários tornarem-se arrendatários durante um período de 15 anos e assim assegurar a liquidez para conseguirem investir, podendo voltar a comprar o imóvel após o período estabelecido.

Existem diversos outros apoios além deste, segundo apresentou Carlos Abade, presidente do Turismo de Portugal, desde incentivos a linhas de crédito bonificadas (das quais algumas têm um fundo perdido associado), passando por mecanismos com fundo de capital de risco. A título de exemplo, existe a Linha +Interior Turismo, que se destina a investimentos sobretudo de natureza pública para a valorização do território, a Linha Consolidar +Turismo, que financia em 75% o serviço de dívida de 2023 de microempresas, ou a Linha Microcrédito Turismo no Interior, cujo propósito é incentivar a criação de novos negócios e a expansão dos que já existem.

Paralelamente, o Turismo de Portugal também está a reforçar o programa de visitas de operadores turísticos aos territórios do Interior e lançou recentemente a campanha “Viaja pelo teu interior”, que pretende estimular tanto os portugueses a conhecer melhor o seu país, como a atrair os mercados internacionais.

Combater a periferia e o despovoamento

Para o presidente da Câmara de Monchique, Paulo Alves, que ficou encarregue da abertura da sessão no Parque da Mina, estes apoios da administração central são essenciais para “alavancar a economia, melhorar a oferta turística e recuperar a esperança destes territórios que se debatem todos os dias com os problemas da inferioridade, periferia e do despovoamento”.

Monchique foi elogiado na sessão pelo presidente do Turismo do Algarve, João Fernandes, e por Nuno Fazenda pela sua “dinâmica de investimento”, que tem impulsionado projetos como o Passadiço do Alferce, o Parque de Lazer e Recreio de Marmelete, a integração do Convento de Nossa Senhora do Desterro no Programa Revive ou a iniciativa Revitalizar Monchique, que esteve por trás de 20 ações no terreno desde que foi lançada após o grande incêndio de 2018.

“O sector, as empresas, em articulação e com o apoio das autarquias, em concertação com as entidades nacionais e regionais de turismo, têm demonstrado resiliência e foco na valorização do turismo do Algarve”, afirmou já no encerramento da sessão José Apolinário, presidente do Conselho Diretivo da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve.

Com os Fundos Europeus geridos no contexto do Programa Regional ALGARVE 2030, “as prioridades nas escolhas são e foram claras: sustentabilidade e digitalização”, acrescentou, destacando a importância de se desenvolver uma “economia circular no uso da água, da eficiência energética, na recolha, redução e reutilização de bio resíduos”.

Para o secretário de Estado, o Algarve “tem das melhores praias e campos de golfe do mundo, mas tem também serra, natureza e gastronomia. É por isso que o Interior pode, deve e vai acrescentar valor ao forte turismo que o Algarve tem”. No entanto, para isto acontecer seria importante haver “uma via verde para o licenciamento”, de acordo com uma intervenção do público, porque, quando for possível começar o projeto, talvez já tenha passado o prazo das linhas de investimento. Ao que o presidente do Turismo de Portugal respondeu que a Agenda do Turismo para o Interior também tem este aspeto em vista.

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