Ignorância pecadora!
Nesta última semana de agosto lemos algumas notícias que nos suscitaram uma linha de pensamento curiosa acerca das alterações climáticas. Não se pode ignorar as chamadas de atenção que há muito tempo já a comunidade científica tem vindo a fazer em relação a este assunto. As instituições mais credíveis do planeta na área da investigação e estudos ambientais não discordam no essencial do problema que assumem como real e que pode alterar a vida na sua forma e qualidade, em relação à que temos atualmente. Por exemplo, a empresa alemã Bosch defende que os automóveis podem continuar a ser tal qual são agora, na esmagadora maioria ainda com motores que usam combustíveis fósseis mas investindo em combustíveis sintéticos, especialmente a partir do hidrogénio, que não poluem, não aquecem, não emitem fuligem, etc. A Tesla, pretensa líder no desenvolvimento e comercialização de veículos e sistemas elétricos aposta nas baterias, no lítio, na capacidade de se gerar energia no movimento de deslocação que vai sendo acumulada e que aumenta muito a autonomia. São dois exemplos concretos de orientação científica aplicada à industria e naturalmente com efeitos nas economias.
No próximo dia 1 de setembro, em Lisboa vai ser assinada por 31 países uma declaração conjunta para a redução das emissões de carbono. É o 10.º aniversário da ICAP (Internacional Carbon Action Partnership) e vai ter a presença de representantes de governos da Alemanha,do Japão e do México entre outros.
O furacão Harvey tem assolado áreas dos EUA, especialmente a região da cidade de Houston, com uma intensidade que é considerada das maiores de que há notícia e que os especialistas relacionam com o chamado aquecimento global. Muito curiosamente, há quem não acredite nisso, seguindo o exemplo do próprio presidente americano e uma responsável política da direita conservadora afirmou mesmo que não há alterações climáticas e o mais provável é que o Harvey seja um castigo divino pela eleição de uma mayor (presidente da câmara) homossexual assumida.
Leonardo DiCaprio produziu com a National Geographic um documentário muito forte, onde inclui depoimentos de gente como Obama, Papa Francisco, Ban Ki-moon entre outras personalidades, todos convergentes na necessidade de pensarmos todos que a humanidade e a Terra são viáveis mas os limites para a sua gestão são reais.
Num plano também dramático, especialmente pela dimensão da escala em que Portugal se inclui, os incêndios que queimaram o centro do país aproveitam as condições climáticas favoráveis para facilitar os acidentes, os descuidos e o pior de tudo, as atitudes criminosas de alguns, isolados ou em acções concertadas.
É tempo de reflectir seriamente sobre a necessidade de acalmar os deuses ou dinamizar linhas de conduta nos políticos, nos decisores, nos cientistas e nos cidadãos em geral para que a obra da Criação não seja posta em risco ou estamos então, isso de certeza absoluta, todos a participar no maior pecado colectivo, por actos ou por omissões sem absolvição que nos salve