Uma feira de parabéns!
Vinte e cinco anos na vida ou na existência de uma pessoa ou uma entidade é sempre um marco. Talvez convencional mas sempre um marco. Até o marketing explora isso para as comemorações desses ditos aniversários, que a sociedade apelida como bodas de prata.
Ora, boda pressupõe casamento, acordo, contrato, festa, oferta e mais uns quantos sentidos. Prata é um metal com valor que até já levou à morte de muita gente na busca da sua posse pois tem uma carga económica mas também estética e simbólica pesada. A associação das duas palavras remetem-nos sempre para um sentido rico, precioso e até um tanto solene.
Esta reflexão surge a propósito dos vinte e cinco anos da Feira dos Enchidos de Monchique. Evento grande para a terra, com alguns altos e baixos mas que ao longo deste quarto de século que já leva tem contribuído inequivocamente para acrescentar valor acrescentado ao concelho de Monchique. Não é singular, nem pela forma nem pela especificidade mas é seguramente um embaixador indiscutível da gastronomia serrana, da qualidade dos produtos, da influência na elaboração e composição das cartas e ementas de quase todos os restaurantes locais e mesmo de alguns no exterior e sem dúvida que mexe e faz mexer a sociedade local em vários aspetos. Para além dos enchidos, também o artesanato, o pão e os bolos, a aguardente de medronho e derivados, o mel, têm uma oportunidade na associação ao evento.
Estas vantagens todas e os benefícios destes exemplos citados, não são absolutos nem dogmáticos. A observação atenta permite verificar que algum do espírito presente no início, desapareceu, a genuinidade esbateu-se em muitos casos, a legislação obriga a regras que algumas vezes se tornam mais fundamentalistas do que o desejável para a nossa matriz cultural mais ancestral, os custos ao erário público não raras vezes é mais elevado do que o retorno económico que não é repartido por tantos quantos se desejaria e por aí fora.
Balanço positivo destes anos? Sim. Necessidade de reflexão à volta do espaço, do tempo, da forma? Absoluta. Desafio que fica: este ciclo deverá renovar-se, refrescar-se e elevar a fasquia para o nível que se quer que o nosso concelho atinja já nos primeiros tempos dos vinte e cinco anos que aí vêm.