Terra minha e de meus pais
Monchique vila bonita,
De onde a onde salpicada
E também toda cercada
Duma verdura infinita!
Numa encosta a repousar
Numa atitude serena,
Parece – não teres pena
De quem parte a trabalhar.
Até mesmo os estudantes
Também muito cedo vão:
Ter aulas em Portimão
Com viagens extenuantes.
Tuas ruas em calçada
Lembram a tua dureza,
Mas também a natureza
Que em ti é conservada.
Lembram também honradez
Da tua gente singela,
Vivendo em pintura bela
Que a natura de ti fez.
Pouco usado o alcatrão:
Ruas, travessas, vielas,
Se sente por todas elas
Bater o teu coração.
Vivendo assim recostada
Chegar a ti é um gosto!
Continuas no teu posto
Na partida e na chegada.
Nevoeiro, chuva, frio:
Custa tanto suportar
E só quem te sabe amar
Te suporta esse feitio!
Na primavera e verão
É depois muito melhor!
O que antes fora dor
Passa a ser só emoção.
A gozar tua frescura
Muita gente nos inveja
E viver em ti deseja…
Mas só então, nessa altura.
És bonita e tens bons modos
Ninguém pode exigir mais
Terra minha e dos meus pais
Que sabes acolher todos.
Recostada nas encostas,
Tens abertos, – os teus braços
Pra receber com abraços
Toda a gente de quem gostas.
Teolinda Marreiro