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Sudeste asiático 2015 – Parte II – Chong Kneas & Battambang

Depois de um longo dia de corrida seguiu-se o descanso, para permitir recuperar as pernas para o dia seguinte, já que tencionava visitar a aldeia vizinha de Chong Kneas e percorrer os quinze quilómetros que distam desta a Siem Reap também a correr.

Esta vila flutuante fica situada na margem do Tonlé Sap, o maior lago de água doce do sudeste asiático, fonte de peixe e água para irrigação de metade da população do Cambodja. É também a casa de noventa mil pessoas que vivem em cerca de cento e setenta vilas e aldeias flutuantes.

Cheguei a Chong Kneas mas não segui para a parte flutuante da vila por me cobrarem uns excessivos vinte dólares. Sendo relativamente perto de Siem Reap, recebe muitos visitantes e talvez daí o preço inflacionado, que os turistas mais apressados não se importam de pagar.

Aqui as casas são construídas sobre alicerces despidos, ficando a habitação elevada. O suposto rés do chão, simplesmente não existe ou fica a servir de armazém ou loja. Este tipo de construção é muito comum neste país, maioritariamente plano e onde chove muito.

Percebe-se que ninguém queira ficar à mercê das cheias, em especial quando se vive nas margens de um grande lago como o Tonlé Sap.

Neste dia não estava muito calor (cerca de trinta graus) e até chover um pouco, descurei o protetor solar, o que me valeu um valente escaldão no pescoço.
Por esta altura experimentava já “comunicar” um pouco em cambojano, tentando utilizar, sempre que possível, algumas das palavras que tinha pedido para me ensinarem no hostel onde estava.

Nos primeiros dias num país tento conhecer uma série de palavras que tornam o dia a dia mais simples. Esta aprendizagem é útil e demonstra respeito, mas mais importante que falar a língua é saber comunicar afetivamente e nada melhor que um sorriso para terminar um diálogo, por mais rudimentar que este tenha sido.

Outra norma de conduta é não falar alto, que é interpretada como falta de educação. Mesmo numa discussão o tom de voz deve ser moderado e quem não o fizer perde a razão ainda que esta esteja do seu lado.

De Siem Reap segui para Battambang, uma antiga cidade colonial à beira rio, onde se passam uns momentos descontraídos, sem que haja muito para fazer na cidade propriamente dita.
Sem ter sido especialmente fácil de encontrar, fui visitar o peculiar bamboo train, que consiste numa plataforma retangular motorizada, de três por quatro metros, destinada ao transporte de pessoas e mercadorias. Ainda segui um bocado pelo carril mas resolvi regressar pois já se estava a fazer tarde e uma enorme chuvada estava eminente.

Esta linha de um só carril continua por uma série de quilómetros. Os pequenos bamboo trains podem transportar até dez a quinze pessoas ou até três toneladas de arroz. Quando se cruzam em sentidos opostos, quem tiver menos carga tem de ceder prioridade e tirar o seu bamboo train da linha.

Era impressionante a quantidade de gente que ao final do dia se reunia nos parques da cidade para praticar alguma atividade física, sem que a maioria fosse de grande intensidade. O que mais me despertou o interesse foi um desporto que consiste em chutar uma espécie de pena uns para os outros, em que os mais capacitados o fazem por trás das costas.

Sem ter abdicado de correr, a minha maior limitação foi não poder fazê-lo por onde queria e me ter de limitar a estradas asfaltadas ou a estradões onde visivelmente passa gente, já que esta é das zonas do planeta onde ainda subsistem mais minas terrestres. Na época das chuvas o cuidado deve ser redobrado pois estes engenhos são facilmente arrastados e deslocados.

Continua

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