Prevenção de incêndios: “Quando vires as do teu vizinho a arder, põe as tuas barbas de molho”
No contexto da economia da União Europeia, o nosso país é, essencialmente, um país com vocação florestal em mais de 70% do seu território. No caso do território de Monchique, com 39,526 hectares, apenas 6,60% deste possui capacidade de uso agrícola. Neste contexto, a exploração florestal afigura-se como um dos setores económicos dos mais competitivos da nossa economia, cumprindo não só as inerentes funções de produção como as de relevo ambiental nos domínios da proteção e regulação das redes hidrográficas, da conservação de habitats e de espécies da flora e fauna e dos valores ecológicos. A que se associam também as funções de suporte à silvopastorícia e apicultura e de valorização paisagística e de recreio.
Pese embora o potencial de competitividade, o setor florestal que temos é reconhecido como um setor relativamente desordenado e caótico, afirmando o eminente arquiteto paisagista Gonçalo Ribeiro Teles que, em Portugal, o que temos não é floresta mas sim matas. Face ao desordenamento agrava-se, assim, o risco dos incêndios pelas consequências que gera para toda a ecologia humana e ambiental, de que são exemplo as mais recentes catástrofes ocorridas na zona norte e centro do país, com perdas de vidas humanas e para toda a economia local, regional e até nacional.
Para melhor avaliação, repare-se também no que ocorreu em Monchique, em 2003, em que quase 90% da sua área florestal foi atingida por dois incêndios.
A discussão em torno das causas e consequências dos incêndios remete-nos não só para o desordenamento florestal e abandono das áreas de vocação florestal como também para a negligência e descuido humanos no uso do fogo.
Estando em causa a perda de vidas humanas, como uma das consequências mais gravosas dos incêndios, importa ter em conta as recomendações emanadas não só pela Proteção Civil como pelos bombeiros e autarquias, que divulgamos, de acordo com documento editado pela Câmara Municipal de Monchique.
Como proceder antes de um incêndio florestal
– Evitar a acumulação de mato denso e árvores de grande porte próximo de habitações e de outras construções;
– Acautelar a remoção de material vegetal seco nos telhados e beirais das habitações e de outras construções;
– Guardar em local isolado e fechado materiais inflamáveis (gasolina, petróleo, gás, lenha);
– Ter um reservatório de água com equipamento de rega (mangueiras) que cubra toda a área a proteger;
– Preparar um eventual corte de energia elétrica através de um sistema alternativo de abastecimento de água (bomba não elétrica ou gerador de combustível);
– Identificar instrumentos para extinguir um foco de incêndio (extintor, mangueira, enxada, pá, areia);
– Preparar calçado forte e isolante do fogo, bem como mantas que possam ser molhadas;
– Reconhecer previamente os locais mais seguros na casa e os caminhos para o caso de fuga ou evacuação;
– Desimpedir acessos para facilitar a circulação das viaturas de vigilância e combate a incêndios:
– Alertar os agentes de segurança se notar pessoas com comportamentos de risco ou no caso de avistar focos de incêndio;
– Prepare a documentação e medicação importante numa mala para levar consigo.
Em caso de incêndio
– Ligar imediatamente para os bombeiros e descrever calmamente a localização do incêndio, o material que está a arder e a direção do fogo;
– Desligar o circuito de gás e cobrir as botijas com mantas molhadas ou colocá-las num reservatório com água;
– Guardar imediatamente toldos e guarda-sóis e outros materiais facilmente incandescentes e que possam ser projetados para o ar;
– Fechar e isolar as janelas, portas, chaminés e outras entradas da habitação para evitar a entrada de faúlhas e fumo;
– Abrir os portões para que os veículos de emergência se possam aproximar;
– Molhar o telhado da habitação e os espaços envolventes;
– Se puder fugir em segurança deve dirigir-se para um local seguro e afastado, caminhando em direção contrária à do vento;
– Em caso de fuga afastar-se das encostas íngremes e refugiar-se em zonas com água ou com pouca vegetação;
– Em caso de evacuação seguir as indicações dos Agentes de Proteção Civil e abandonar o local em grupo de família;
– Não caminhar descalço, evitando objetos contudentes ou cabos elétricos;
– Proteger os olhos, nariz e boca com um pano molhado e, em caso de muito fumo, respirar junto ao chão;
– Estacionar a sua viatura de forma a agilizar uma potencial fuga;
– Deslocar-se de forma rápida mas evitar correr ou conduzir em excesso de velocidade para reduzir o risco de acidente.
Se ficar preso por um incêndio
– Procure não entrar em pânico;
– Identifique uma zona com água para defender-se das altas temperaturas;
– Cubra a sua cabeça com roupas molhadas e respirar o ar junto ao solo para evitar a inalação de fumo;
– Se não existir água por perto, procure um abrigo numa área aberta, sem vegetação ou num afloramento de rochas;
– Mantenha-se deitado e, se possível, cubra-se com a terra do próprio solo;
– Saia na direção contrária à direção do vento. Caso não consiga sair sozinho aguarde a chegada das autoridades.
– As autoridades só aconselham a evacuação se existir risco de vida.
Telefones úteis
– Número de emergência: 112
– Bombeiros Voluntários de Monchique: 282 910 000
– GNR de Monchique: 282 912 629
– Câmara Municipal de Monchique: 282 910 200
– Gabinete Técnico Florestal (CMM): 282 910 210.
Nota informativa:
De acordo com o Ministério de Administração Interna o dispositivo de combate a incêndios foi prolongado até ao dia 15 de novembro, incluindo meios aéreos, meios humanos e postos de vigia.
Foto de destaque: Nelson Inácio©