Portimão aposta na cultura e na requalificação para celebrar o seu centenário de elevação a cidade
Portimão comemorou o 99.º aniversário da sua elevação à categoria de cidade, no dia 11 de dezembro, tendo sido revelados, durante a sessão solene, alguns detalhes sobre a programação do centenário, a celebrar ao longo de 2024, bem como sobre o lançamento da primeira pedra do Jardim Gonçalo Ribeiro Telles.
Sob o tema “Cidade Invisível”, Portimão vai ter ao longo de 2024 uma programação artística e cultural de dimensão europeia que será responsável por um ano de arte e cultura, tendo esta sido introduzida durante as comemorações por Giacomo Scalisi, da cooperativa cultural Lavrar o Mar, informa o Município em comunicado.
Até final de fevereiro de 2024, será revelado o resultado do trabalho a desenvolver por uma equipa pluridisciplinar, ligada à cidade de Portimão e com competências nos campos da antropologia, da arquitetura, da literatura e da história, entre outros, com forte presença das artes plásticas e de espetáculos de novo circo, teatro, música e dança.
Na oportunidade, o artista espanhol José António Portillo apresentou três projetos que farão parte da “Cidade Invisível”. Um é a “Biblioteca de Cordas e Nós”, que trabalhará com a comunidade educativa, para falar de uma escola intemporal, inspirada em princípios universais como a capacidade de escutar e de fazer silêncio, centrando-se em algo muito importante numa sociedade cheia de ruído, onde as pessoas já não sabem escutar, nem descodificar toda a informação que recebem. Esta biblioteca especial, que viaja pela Europa há 22 anos, ganhará em Portimão uma nova pele, mostrando que o ensino analógico pode conviver perfeitamente com o digital.
Outro dos projetos intitula-se “Museu do Tempo” e vai estar abaixo da terra, dentro de uma caixa metálica a 50 centímetros de profundidade, reunindo memórias dos portimonenses, para que sejam redescobertas algures no futuro. Por fim, os “Caminhos Orgânicos”, cujo título se baseia numa expressão de Fernando Pessoa, lidará com adolescentes, para mostrarem os caminhos que percorrem na cidade e aquilo que acontece nas suas vidas nesses trajetos, onde há cheiros, ruídos, desenhos de sítios e recantos.
Outro dos pontos altos da sessão solene foi protagonizado pela presidente da autarquia aniversariante, Isilda Gomes, que adiantou alguns dos principais projetos previstos para os próximos tempos. “No ano que agora finda antecipámos o pagamento de uma importante tranche do empréstimo contraído, fruto das dificuldades financeiras por que passámos no passado. Com esta antecipação de pagamento, a autarquia sai do endividamento excessivo e retoma o controlo orçamental absoluto, o que permitirá já a partir do próximo ano uma muito maior capacidade para rever taxas e impostos municipais, bem como para investir na requalificação e desenvolvimento da nossa terra”, realçou Isilda Gomes, citada na nota de imprensa.
Do conjunto de projetos “que mudarão a face de Portimão”, a autarca destacou as novas infraestruturas turísticas em processo de licenciamento, que reforçarão a oferta de alojamento em mais de 1200 camas, assim como o futuro Museu do Mar, a instalar na Fortaleza de St.ª Catarina, a ampliação da Casa Manuel Teixeira Gomes e a requalificação da zona ribeirinha de Portimão, entre outros.
Na vertente da educação, a presidente referiu a adaptação das instalações da antiga Escola de Hotelaria e Turismo, que se transformará num centro escolar com novas salas de creche, pré-escola e primeiro ciclo, assim como a criação de nova creche pública no Vale de Lagar e requalificação e ampliação das escolas de primeiro ciclo de Chão das Donas, Alvor e Pedra Mourinha, bem como da Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes.
Para além de projetos ligados à habitação, ao melhoramento da fluidez rodoviária, à sustentabilidade energética e à reabilitação do espaço público, nomeadamente no centro histórico da cidade, Isilda Gomes também mencionou a construção de uma nova piscina municipal e do pavilhão da Quinta do Amparo, além de um centro de desportos náuticos “que reforce a nossa ligação história e cultural ao mar e incremente a prática dessas modalidades.”
A tarde de 11 de dezembro ficou ainda marcada pelo ato simbólico do lançamento da primeira pedra do Jardim Gonçalo Ribeiro Telles, que em breve se converterá num novo espaço verde e de lazer em pleno centro da cidade.
O projeto, que foi impulsionado por uma turma do 10.º ano da Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes, a cargo do professor de Filosofia Carlos Café, prevê um quiosque, uma zona de street workout e um pequeno anfiteatro, além da exibição das cantaria manuelinas da chamada Quinta do Morais, bem como a recuperação da nora e tanque existentes no local.
No dia 16 de dezembro, pelas 15h, vai ser ainda inaugurado o Centro Interpretativo do Salva-vidas de Alvor, antecedido pelo espetáculo “Ao sabor da sorte e do destino”, com a participação da comunidade local e que percorrerá a zona ribeirinha da vila.
O novo equipamento cultural resulta das obras de reabilitação do edifício da Estação do Instituto de Socorros a Náufragos de Alvor, e é um projeto da Câmara Municipal de Portimão, através do seu Museu, que contou com o apoio do CRESC Algarve 2020 – Programa Operacional Regional do Algarve, através do PADRE – Plano de Ação de Desenvolvimento de Recursos Endógenos, tendo um investimento aprovado de 422.830,31 euros, com a taxa de comparticipação do FEDER de 90%, equivalente a 380.547,28 euros.