Para a melhoria da qualidade na aguardente de medronho: O controlo do componente «acetato de etilo»
O Decreto-lei 238/2000 de 26 de setembro, cujo objeto é o de definir e caracterizar a aguardente de medronho, fixando também as regras relativas ao seu acondicionamento e rotulagem, é o principal documento que define regras mínimas de qualidade para os produtores desta bebida espirituosa. São aí definidos os parâmetros mínimos e máximos de componentes como o grau de álcool, de acidez, de acetato de etilo, de metanol ou de resíduos de cobre, presentes numa aguardente de medronho.
A fiscalização quanto ao cumprimento des norma legal compete nomeadamente à ASAE-Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica que, mais recentemente, tem vindo a desenvolver ações de controlo junto dos operadores comerciais, não só no Algarve como no resto do país, pelo que competirá, sobretudo, aos produtores estar atentos à qualidade das suas aguardentes de medronho face ao referido decreto-lei, na medida em que o seu não cumprimemto constituirá uma contrafração alimentar, de acordo com a ASAE, devendo o produto ser imediatamente retirado do mercado, não podendo ser apresentado como aguardente de medronho, gerando-se ao mesmo tempo uma coima a aplicar conforme a gravidade das situações.
Deste modo, a realização de uma análise laboratorial, como seja no Laboratório de Enologia da Faculdade de Engenharia da Universidade do Algarve, poderá recomendar-se como um meio eficaz de auto-controlo dos níveis de qualidade das aguardentes produzidas.
Formação de produtores sobre o acetato de etilo
Tendo em conta que em Monchique e na zona Barlavento do Algarve já foram registados vários casos de inspeções realizadas pela ASAE, em que foram verificados níveis do componente acetato de etilo muito acima do defindo legalmente, isto é um valor superior a 300 gr/hl de álcool puro, a Apagarbe-Associação de Produtores de Aguardente de Medronho do Barlavento Algarvio, em parceria com a Universidade do Algarve, nas instalações do Centro de Formação da Cooperativa Agrícola, realizou nos dias 18 e 19 de novembro, duas ações de formação sobre o controlo do parâmetro «acetato de etilo», participadas por 50 produtores e respetivas famílias. A Doutora Ludovina Galego, diretora do referido laboratório que habitualmente colabora com a associação de produtores, teve, mais uma vez, a oportunidade de durante estas duas sessões formativas, realçar os cuidados a ter durante os processos de colheita, armazenamento, fermentação e destilação da aguardente de medronho, o que constitui objecto de um Manual de Boas Práticas do Fabrico de Aguardente de Medronho, de que é co-autora, editado pelo instituto Politécnico de Coimbra no âmbito da sua Escola Superior Agrária.
No que se refere ao componente em causa, o acetato de etilo, que tende a ser detetado nas aguardentes com níveis muito acima do definido legalmente, o seu controlo por parte dos produtores destiladores, requere apenas uma melhoria de procedimentos quer quanto à higienização dos depósitos de fermentação quer quanto à correta eliminação da fração «cabeça» durante o processo de destilação, tal como se reproduz da página do referido manual, na íntegra.
Recomendamos assim, não só a consulta deste manual como uma consulta ou pedido de informações junto da Faculdade de Engenharia da Universidade do Algarve estando, ao mesmo tempo, a Apagarbe, associação dos produtores, disponível para realizar mais sessões de formação sobre esta e outras matérias que contribuam para a melhoria da qualidade da aguardente de medronho.
Foto de destaque : Américo Telo