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Palácios e casas senhoriais de Portugal, por Diana de Cadaval

“Palácios e Casas Senhoriais de Portugal”, por Diana de Cadaval, A Esfera dos Livros, 2015, é um livro de divulgação, como a autora esclarece: “Dar a conhecer o riquíssimo património arquitetónico português, se alguns destes palácios e casas ganharam uma nova vida ao serem transformados em hotéis ou museus, outros estão deixados ao abandono. Falar destas casas é reavivar a sua história passada”. Cada um destes palácios e casas senhoriais são contados de forma sintetizada, e a autora tem consciência que muitos deles mereciam mais espaço, até livros. O rol de monumentos vai de Monção a Faro, do Palácio da Brejoeira ao Palácio de Estói, pelo caminho andaremos por Arcos de Valdevez, Ponte de Lima, Braga, Barcelos, é um nunca mais acabar, passando pelo Porto até aos palácios e quintas de Sintra, Cascais, Estoril, Alcabideche, Oeiras, Paço d’Arcos, Queluz, Lisboa, descemos aos alentejos, depois de ter passado por Sesimbra e Azeitão.

É uma obra de divulgação muito cuidada, com belas imagens e sem esquecer a localização das casas senhoriais e palácios. Falando do Solar de Mateus, propriedade dos Condes de Mangualde, vem um apontamento histórico, depois a descrição da casa e os comentários pessoais também contam: “Compacta, com uma planta simétrica, a casa abriga um bonito pátio aberto, coroado pelos famosos pináculos que tornam a silhueta do Solar de Mateus inconfundível. Chega-se à casa por um caminho que conduz a um grande terreiro de gravilha, rodeado de buxos e flores. A casa está implantada de maneira a que possa ser observada a toda a volta, de qualquer ângulo e vale a pena. Nos cuidados jardins, novos padrões detalhados, feitos de buxos, deixam descobrir várias surpresas, como uma escultura em pedra. Na fachada, as janelas exibem uma variedade que não descura a harmonia: as dos corpos laterais ostentam frontões triangulares clássicos, enquanto nas janelas que dão para o pátio o frontão é ondulado e decorado. As escadarias, caraterísticas de Nasoni, são também elegantes e teatrais. Falando do Palácio do Buçaco, sente-se que a autora está rendida num só edifício como aos jardins e mata circundantes.

O apontamento histórico acicata a que o leitor parta oportunamente pa24_palácios_leiturara o Buçaco. A mata foi criada pela Ordem dos Carmelitas Descalços como uma espécie de paraíso terrestre. D.ª Maria Pia, mulher do rei D. Luís, escolheu o local para uma nova residência local, mas faltou dinheiro. Emídio Navarro, ministro das Obras Públicas teve a ideia de construir aqui um hotel de luxo. O projetista do hotel foi Luigi Manini, reputado cenógrafo do Teatro de S. Carlos. Oiçamos a descrição: “Manini inspirou-se no estilo manuelino quinhentista, cujas expressões mais conhecidas eram a Torre de Belém e o Mosteiro dos Jerónimos. Mas este monumental palácio de três pisos, finamente esculpido pela equipa de Mestre João Machado, segundo os desenhos do italiano, é muito mais do que isso. Feito de pedra, é de uma leveza sem par, todo pormenores, minúcias, delicadezas e rendilhados. Uma filigrana esculpida em pedra de Ançã, coroada por uma esfera armilar em ferro forjado, colocada no cume da torre”.

Noutras circunstâncias, a autora envereda por detalhes das famílias e das tragédias que as acompanharam. Assim é falando da Quinta de Alorna, em Almeirim: “É uma casa com uma história riquíssima. Em 1725, antes de partir para o Oriente, onde tomaria o cargo de vice-rei da Índia, D. Pedro de Almeida Portugal, primeiro marquês de Alorna, mandou construir na sua propriedade ribatejana o palácio que viria a ser uma das moradas de eleição das elites culturais portuguesas. D. Pedro de Almeida Portugal liderou a conquista da praça-forte de Alorna, na Índia, e é a este feito histórico que se deve o nome do “palácio”. Bisneto seu irá ser envolvido pelo marquês de Pombal numa alegada conspiração contra o rei, os Alorna foram perseguidos e encarcerados. Regressaram a Almeirim em 1777. A marquesa de Alorna durante o período de cárcere em Chelas devorou todos os livros que lhe chegaram às mãos, aprendeu fluentemente cinco línguas. Pela sua rica produção poética ficará conhecida por Alcipe, a mais famosa de todas as marquesas de Alorna. Uma história que se poderia ligar a outro lindo palácio que é o Palácio Fronteira, em S. Domingues de Benfica. Esta visita guiada é uma obra de entusiasmo à altura de uma aristocrata que vive no Palácio dos Duques de Cadaval, num dos lugares mais sumptuosos da cidade e Évora.

Um guia para ler e para acompanhar viagens de encanto.

Autor: Beja Santos

 

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