O Empate
Andaram a empatar, a empatar decisões que já há anos que deviam ter sido tomadas. Cimeiras e reuniões de que nada resultava para definirem a política europeia sobre os refugiados. E centenas de milhar de pessoas a sofrerem, que arriscam as vidas, suas e dos filhos, para fugirem da guerra, da morte e da fome. Sem respeito pela condição humana, empatavam por causa do medo das consequências e sem verem que a falta de definição só as pode agravar, por a situação ficar sem controlo.
Não avaliaram, em devido tempo, as sequelas que iriam provocar com as intervenções que fizeram noutros países e depois disso continuaram a assobiar para o lado.
Se calhar ainda queriam recorrer à marcação de penaltis ou à moeda ao ar para desfazerem estes empates, como se faz no futebol. Onde, aliás, só ao árbitro compete assobiar. Não contando, claro está, com as assobiadelas que a assistência deve dar quando os intervenientes não cumprem as suas obrigações, como é o caso.
Mas há vezes em que o empate daria muito jeito, como por exemplo ao Benfica no jogo com o Porto.
Para além dos empates em jogos também os há na política, que para muitos não passa de um jogo, sendo nós, os que lhes outorgamos o poder, apenas peões em tabuleiro de xadrez. Temos agora aí um chamado empate técnico, apesar de insistentemente serem divulgados resultados de sondagens com uns à frente de outros, sem explicar que esta diferença é inferior à percentagem dos indecisos. Truque que até poderia condicionar as votações se não houvessem reações opostas conforme as pessoas: enquanto uns se empolgarão com a maior pontuação dos seus, levando com eles os indecisos que gostam de estar sempre com os vencedores, outros se empenharão ainda mais para ganharem aos adversários.
É vê-los a tentarem levar o Zé Povinho no engodo, para anularem esse empate. Ao slogan “Pode mais” outros respondem que é só garganta, que essa força, de tanto desgaste, já não pode nada. E há ainda os empatas, os que não podem nem deixam… Mas que também têm direito a tentarem molhar a sopa.