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Natureza e cores da serra inspiram Clara Vicente há 17 anos

O contacto com a natureza e a paz proporcionada pelos ares da serra fascinaram Clara de Sousa Vicente, uma artista plástica que há cerca 17 anos descobriu Monchique e nela encontrou a inspiração que lhe faltava para a concretização de novos projetos artísticos.

As artes plásticas entraram na sua vida na infância. Natural de Alenquer, foi através de seu pai, que trabalhava numa cerâmica, que Clara aprendera a moldar o barro. O gosto por aquela arte fê-la continuar e em 1986 deu início à sua atividade profissional, sendo hoje uma artista mais conhecida pelos trabalhos que executa em azulejaria tridimensional, nos quais, explica, «eu modelo as coisas que quero colocar, pinto e depois aquilo fica tudo em relevo».

Foi precisamente com azulejos que Clara de Sousa Vicente trabalhou durante vários anos, promovendo uma série de iniciativas entre a população local. A artista reconhece que os atrativos culturais em Monchique são escassos, mas isso não a impediu de durante dez anos manter em funcionamento um ateliê dedicado às artes plásticas nas Caldas de Monchique. Nesse espaço aberto ao público, Clara Vicente trabalhava ao vivo e atraía os muitos hóspedes e visitantes das termas, mas foi também a mentora de «alguns workshops para as crianças que estavam alojadas nos hotéis, assim como para os idosos que, em outubro, participavam no programa sénior, e nos quais realizávamos pinturas de azulejos», esclarece a ceramista. Num desses ateliês, intitulado «Pintar o Património das Caldas», os participantes eram convidados a levar fotografias ou desenhos daquilo que mais os atraía no local e, com a ajuda de Clara, transportavam-nos depois para painéis de azulejos, onde moldavam e pintavam os respetivos projetos. Todavia, o trabalho de voluntariado, ao qual a artista também dedicou algum do seu tempo, obrigou ao encerramento do ateliê e embora, acrescenta Clara, «eu adorasse o meu trabalho, se eu não estava lá, não se justificava ter o espaço aberto e então optei por fechar».

Clara Vicente não esconde o orgulho de ter participado num outro projeto artístico junto dos jardins-de-infância de Monchique e Marmelete. Em 2010, inspirada pela história de um livro para crianças da escritora algarvia Helena Tapadinhas, que abordava a formação geológica do Algarve, a ceramista acrescenta que «junto com as educadoras, fizemos uns painéis de azulejos que estão nos jardins-de-infância dessas duas freguesias».

Mais recentemente, a convite da vereadora da Câmara Municipal de Barcelos, esteve patente entre 26 de setembro e 22 de novembro, na Galeria Municipal de Arte desse município, a exposição de cerâmica «Principezinho». Nesta mostra itinerante, a autora retrata a história de uma criança de seis anos que, após ter lido aquele livro, escreve uma carta à personagem a contar-lhe as peripécias da sua infância. Um desejo da artista é que a exposição chegue a Monchique e lamenta «que a mesma não tenha tido início aqui, uma vez que estou na região há vários anos, mas até ao momento ainda não tenho nada formalizado». Enquanto isso não acontece, «O Principezinho» vai andar em exposição pelo Minho e Clara Vicente prepara-se agora para agendar com os municípios que a contactarem, «uma mostra que será adaptada em função de determinado sítio, mas que terá sempre por base a mesma história da menina que escreve ao Principezinho». Destinada a crianças e adultos, esta «é uma exposição que tem a intenção de deixar as pessoas mais leves e bem-dispostas», salienta.

Em 2016, Clara Vicente comemora trinta anos de trabalho enquanto artista plástica e para assinalar essa efeméride pretende apresentar um livro infantil ilustrado, «o qual estou neste momento a escrever e, de certa forma, é baseado na mesma história da exposição», deixando em aberto a possibilidade de o mesmo vir a ser lançado na Biblioteca Municipal de Monchique.

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