Museologia e desenvolvimento do território em Monchique
O que procuram os turistas quando decidem passar férias no Algarve ou em qualquer outro lugar do planeta?
O que procura cada um de nós, quando decide ir de visita dentro ou fora do nosso país?
Os resultados dos estudos sobre as motivações dos turistas apontam para que, na generalidade, estes procuram, nos locais de férias ou de visita. para além das garantias de segurança e conforto, o que existe para ver, o que existe para comer e onde ficar.
Neste contexto, que papel podem desempenhar os museus, as estruturas museológicas, ou de conservação e preservação do património?
Do ponto de vista histórico-cultural e da museologia, podemos enquadrar como pertencendo ao património de um dado território, os elementos segurança e conforto dos locais, o que estes têm para mostrar, a gastronomia e inclusive os locais onde permanecer. O que define, por sua vez a Cultura dos sítios e lugares, sendo o seu conhecimento ou contacto uma das exigências dos turistas ou visitantes mais ou menos esclarecidos.
Contributo da museologia para o Desenvolvimento
O Turismo, sabemo-lo, contribui para o desenvolvimento dos territórios. E territórios onde a sua Cultura possa ser apreciada, em segurança e conforto, constituem-se em destinos preferenciais.
De acordo com as mais recentes orientações da Museologia, difundidas em fóruns internacionais de reflexão sobre esta matéria, os novos museus, como repositórios e manifestação da cultura de um dado território, deverão evoluir para que não sejam apenas meras coleções de elementos patrimoniais. Deverão contribuir ou ter um papel no desenvolvimento das comunidades onde se inserem e lhe dão origem.
O Conselho Internacional dos Museus (ICOM) recomenda, inclusive, que estes sejam instituições ao serviço das sociedades e de seu desenvolvimento.
Em Portugal, a Lei-Quadro dos Museus Portugueses (Lei 47/2004, de 19 de Setembro) comunga daquele objetivo e defende que os museus sejam instituições permanentes sem fins lucrativos, abertas ao público, ao mesmo tempo que cumprem as funções básicas de adquirir, conservar, investigar, comunicar e expor o património material e imaterial da humanidade, com as finalidades de educação, estudo e lazer.
Nesta aceção, faz sentido que todo um território passe a ser encarado, globalmente, como sendo museológico, na medida em que possa ser culturalmente fruído através de pontos de contacto com o mesmo, em que os polos museológicos constituem importantes estruturas de apoio.
“Por trilhos da pedra e do ferro”
Encarando o território definido pela Serra de Monchique como sendo, só por si, uma área ecológica e culturalmente definida, a exposição “Por trilhos da pedra e do ferro”, ainda em curso de preparação, localizada na Rua do Porto Fundo, 11, tem como um dos seus objetivos o desenvolvimento futuro de polos museológicos inseridos neste mesmo território tomado em consideração os já existentes e outros que venham a ser criados.
Deste modo, a exposição fará apelo para que sejam também visitados polos já existentes, como sejam os núcleos de Arte Sacra da Igreja Matriz de Monchique e da Igreja Paroquial de Alferce, o Moinho do Poucochinho, no Barranco dos Pisões, e a Casa do Medronho em Marmelete.
Outros polos para os quais a exposição fará apelo para que sejam também desenvolvidos passam por uma oficina de ferreiro ainda existente na Vila de Monchique ou por outros moinhos que ainda se encontram bem preservados e que possam ser objeto de recuperação, localizados junto de cursos de água desta serra. Sem esquecer algum do património ainda existente através das destilarias de aguardente de medronho, podendo algumas delas ser enquadradas na estratégia de desenvolvimento de polos museológicos, proporcionando visitas guiadas.
Para além dos apontados, outros polos poderão vir a ser criados ou desenvolvidos, sem dúvida.
Pelo que uma futura rede de polos museológicos em Monchique, a partir de um polo central localizado na Vila de Monchique, que definirá roteiros de visita, irá contribuir para não só melhorar a oferta turística de Monchique como para o seu desenvolvimento sócio-económico. O que é um desafio a lançar pela exposição junto das entidades públicas, associativas e privadas que se interessam ou tenham por competência funções nos domínios da cultura e do património.