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Monte da Lameira – Terra, homem e fogo

Quando a terra é íngreme, desenvolve-se uma vegetação robusta para a cobrir, lançando estacas para que se equilibrem solo e vegetação.

Alguns frutos são rubros, como se de lágrimas de sangue se tratasse, simbolizam o esforço e a dificuldade que o homem experimenta nas tarefas de transumância. Desses frutos extrai-se água ígnea, num ritual paciente, destilando-se e recolhendo-se a mais pura água de vida – o medronho. Um fogo que vem do rubor da polpa e recrudesce no sangue através das gargantas. As casas, implantam-se em pequenos cumes e daí contemplam os vales e montes mais distantes. Naquele dia, quando entrei, senti os passos dos antepassados no chão de barro, o lume brando que se entranhava na parede, os copos de vinho tinindo, a côdea e o queijo em banquete sobre a mesa. De estômagos saciados os senhores sobem aos aposentos de dormir, por escada de madeira inclinada. Através das janelas recortadas na cal contemplam as sobreiras que se espalham num extenso tapete verde-cinza para depois repousarem nos leitos, desapertando colarinhos e corpetes alvos. Por último entra-lhes uma penumbra rente aos olhos, mortiça e lânguida, derramam-se no linho, repousando a carne, até depois das cinco.

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