Monchique: verde, água, ar, paisagem e equilíbrio
«Verde, água, ar, paisagem e equilíbrio» são as cinco palavras que Helena Martiniano, presidente da Junta de Freguesia de Monchique usa para descrever Monchique.
Uma terra que, segundo a autarca, «tem potencial, precisa que as pessoas olhem e gostem dela» e que «os jovens tenham imaginação e confiança neles próprios para conseguirem fazer muitas coisas com os recursos que temos».
Arte, tradição e inovação reunidas num novo espaço multiusos
É na área do artesanato e trabalhos manuais que a Junta de Freguesia de Monchique (JFM) vai apostar com a abertura, dentro de dois meses, do Centro Multiofícios, que ficará situado na Rua Serpa Pinto, junto do Largo dos Chorões.
«O objetivo é recuperar alguns ofícios tradicionais e algum artesanato que era feito em Monchique e que está a entrar em desuso», através da promoção de workshops e de outras atividades.
Atualmente, «já temos a funcionar o Curso de Bordados que vai passar para esse espaço e estamos a desenvolver uma parceria com o Clube Desportivo e Cultural da Nave para fazer uma formação em costura e artes manuais», explica Helena Martiniano.
Aquele espaço, adianta, «servirá ainda para atividades culturais e desportivas resultantes de parcerias efetuadas com as associações do concelho, que vão ajudar a dinamizar o Centro Multiofícios, abarcando o maior número de faixas etárias possível» e procurando «trazer mais pessoas ao contacto direto e diário com as atividades da junta».
«Estamos a arranjar um calendário para que todos os dias tenhamos qualquer coisa, no entanto, o espaço não é muito grande». Neste momento, «está a ser equipado de uma forma genérica para poder ser alterado facilmente, de acordo com cada atividade», revela.
Apesar desta solução, a autarca admite que «falta o espaço multiusos ideal para guardar as viaturas da junta e para albergar algumas atividades promovidas, que neste momento ficam condicionadas pelo estado do tempo».
Os polos museológicos que existem e os que estão por existir
Numa fase de apreciação e idealização está um possível polo museológico destinado aos ofícios tradicionais que «poderá ser despoletado pelo Centro Multiofícios. Esperamos que isso venha a acontecer, porque se conseguirmos cativar os artesãos que ainda trabalham em Monchique para que nos ajudem a ocupar e animar aquele espaço» poderá ser «o pontapé de saída para muitas outras coisas», afiança Helena Martiniano.
Atualmente em termos museológicos existe o Polo de Arte Sacra, da responsabilidade da Junta de Freguesia de Monchique, mas que está muitas vezes fechado ao público, situação que a autarca justifica pela «dificuldade com o pessoal». Apesar de «tentarmos manter o polo aberto duas vezes por semana, não é fácil, pois a prioridade é sempre a sede da junta», no entanto, garante que «não está esquecido, nem está fora dos nossos objetivos, estamos a tentar encontrar um ponto de equilíbrio».
O Moinho do Poucochinho é outro polo museológico da responsabilidade da junta, que sofreu uma intervenção recente: «a represa foi impermeabilizada e o muro que serve de suporte foi sustentado». Agora, «com pouca água se consegue pôr o moinho a funcionar, permitindo concretizar uma ambição nossa e dos nossos fregueses que é a de levar milho para moer». Este novo serviço, inaugurado no Dia da Vila, funciona todas as quartas-feiras de manhã, «dependendo da quantidade de milho para moer», pelo que «as pessoas podem deixar lá ou na junta o milho, devidamente identificado, como faziam quando iam ao moleiro, e ir buscar no dia seguinte», explica a autarca.
A represa apesar de não poder estar sem água, não é destinada a banhos, estando a junta a «desenvolver alguma sinalética para por lá para avisar os visitantes».
As tradicionais atividades
A atividade que ocupa grande parte do orçamento da JFM é a Ludoteca e Sala de Estudo, que conta com 220 sócios e que diariamente acolhe entre 70 a 90 crianças e jovens, dependendo se há aulas de capoeira (quarta-feira) ou guitarra (sexta-feira). Para além dos funcionários do quadro «houve a necessidade, porque a JFM não tem competências na área da educação, de contratar dois professores» que ajudam, sempre que solicitados, as cerca de 20 crianças e jovens que diariamente recorrem à Sala de Estudo para fazerem os seus trabalhos da escola.
Para além desta ação, a JFM já nos habituou a diversas atividades regulares e que já constam do calendário anual dos monchiquenses, entre elas, a Noite de Reis, o Desfile de Carnaval, o Dia Nacional dos Moinhos Abertos, a Festa do M, o Dia da Vila, o Encontro de Acordeonistas, o Banho do 29, o Magusto Tradicional, o Chá Dançante e a Artechique.
A Artechique nos últimos anos e segundo o executivo «tem sofrido pequenas alterações, mas nunca vai deixar de ser uma feira do artesanato e dos sabores tradicionais», todavia, «temos tentado envolver outro tipo de participantes e, de alguma forma, tentar descobrir novos artesãos que trabalhem em Monchique, mas não tem sido fácil, porque nós não os conhecemos. Tentamos, com ela, preservar o artesanato que temos aqui, não deixando que desapareça».
«Na animação temos desafiado jovens de Monchique, resultando no ano passado no tributo aos Cantores de Monchique e cada ano o programa tem sido o mais vasto possível», contando, «com a proximidade com as associações do concelho, acabando por se tornarem «nossos parceiros na realização de atividades para promover a feira e para trazer mais pessoas», explica Helena Martiniano.
É neste espírito de entreajuda que «a JFM colabora com todas as associações do concelho», como por exemplo, com o Clube Desportivo e Cultural da Nave, em diversas atividades, com o Juventude Desportiva Monchique «com quem partilhamos o Quintal da Junta no verão para aulas de zumba fitness, com os caçadores que costumam dar as espigas distribuídas no Dia da Vila, com a Espiral de Vontades ou com os Escutas no serviço de bar de apoio à Festa do M e Magusto Tradicional, em 2015 e 2016, respetivamente.
Pequenos grandes investimentos
Este ano foram «intervencionados todos os abrigos de passageiros que tinham telha de fibrocimento com amianto, passando a ter coberturas com outro tipo de telha. Neste momento já foram tiradas as velhas e colocadas as novas, faltando fazer o acabamento».
O equilíbrio das estradas municipais da freguesia passa também pela sinalética de localização e indicação que, neste momento, «não existe faltando a colocação de mais de 1000 sinais». Após o levantamento prevê-se «que o investimento ronde os 35 mil euros, sendo efetuado por fazes porque, para o orçamento da junta, é uma verba muito significativa».
Apesar da atividade regular, de assumir que do programa eleitoral já cumpriu «muito daquilo que nos propusemos», Helena Martiniano admite «que está muito por fazer». No futuro, gostava de ter «mais crianças da Ludoteca, que se abra mais polos museológicos, que seja feito um espaço multiusos, que seja constituída uma orquestra de guitarras, que as atividades que estamos a pensar promover para outros públicos, sejam bem desenvolvidas e que tenhamos mais população». Esta é a visão que a presidente da Junta de Freguesia de Monchique tem para os próximos anos, mas questionada pelo Jornal de Monchique, não se quis ainda comprometer com a continuidade como líder do executivo da junta.
Foto: Nelson Inácio