Monchique recebe apoio de 431 mil euros para revitalizar turismo
O protocolo assinado ontem, 15 de janeiro, entre a Câmara Municipal de Monchique (CMM), a Almargem e a Região de Turismo do Algarve, no âmbito do projeto «Revitalizar Monchique», prevê a concessão de um apoio no valor de 431,856 mil euros para revitalizar o turismo no concelho após o incêndio de agosto. O financiamento é garantido a 100% pelo Turismo de Portugal.
Ana Mendes Godinho, Secretária de Estado do Turismo, explica que este projeto pretende «recuperar alguns dos percursos pedestres e cicláveis que foram afetados pelos incêndios», «ampliar a rede de percursos e desenvolver mais produtos associados ao turismo natural, cultural e de gastronomia».
No fundo, garante Ana Mendes Godinho, pretende-se ter «um conjunto de experiências que se podem cada vez mais dinamizar e que nos permitem promover este outro Algarve, que é cada vez mais apetecido e responde às tendências dos turistas internacionais».
Rui André, presidente da CMM, referiu a importância de «olhar para o futuro» e salvaguarda que Monchique «soube posicionar-se em relação à oferta do sol e da praia» que caracteriza a região algarvia. A «aposta estratégica na gastronomia com produtos de qualidade, que tem de ser valorizada» é um dos pontos que o edil destaca para a revitalização e sustentabilidade do turismo no concelho.
Apresentado por Anabela Santos, da Almargem, o projeto «Revitalizar Monchique – o turismo como catalisador» tem sete objetivos centrais que passam pela recuperação dos percursos da Via Algarviana afetados pelo incêndio; a criação de cinco a sete novos percursos, não só «pedonais, mas também de BTT e trail»; a construção de uma plataforma digital que reúna a oferta turística da região; o reforço da promoção do evento «Monchique Serra Natal»; desenvolvimento de um «Festival de Caminhadas» e a «criação de rotas temáticas» agregadas a produtos locais e atividades turísticas para envolver as populações.
Quanto à Via Algarviana, nas zonas de Monchique e Silves por onde o fogo passou, Anabela Santos explicou que «dois desses setores foram fortemente afetados, quer a nível da sinalética, quer da paisagem envolvente, por isso teremos de ver se será necessário alterar esses setores mudando o percurso pelo menos em alguns troços e teremos de voltar a colocar sinalética».
No entanto, o incêndio desvendou «caminhos medievais que há muito estavam tapados pelo mato, elementos do património construído, como noras, moinhos e outros engenhos hidráulicos» que devem ser integrados nos percursos.
O desafio também passa pela descoberta dos «sítios onde o fogo não chegou», para fazer uma «comunicação positiva» sobre o Turismo de Natureza de Monchique, após as imagens divulgadas durante e após o incêndio. Para isso, «vamos precisar da ajuda das associações e dos agentes locais, que conhecem muito bem o terreno» e acrescenta que «esta candidatura não é só da ATA, da RTA, da Almargem e da Câmara de Monchique, é de todos. Por isso, os agentes locais terão de envolver-se».
A plataforma digital «VisitMonchique», que vai concentrar oferta do Turismo de Natureza e Cultural, pretende ser um cartão de visita para a serra algarvia, onde os visitantes poderão encontrar informação sobre produtos locais, restauração, alojamento e atividades desenvolvidas no concelho.
Este projeto vai ter uma vertente de capacitação dos agentes locais relativa a aspetos como a interpretação da paisagem e do património cultural. O objetivo passa pela promoção estruturada da oferta para atrair mais turistas a Monchique. As ações serão promovidas pela RTA e consistem em visitas educacionais para dar a conhecer a serra a jornalistas (press trips) e operadores (fam trips) desses mercados.
João Fernandes, presidente da RTA e da ATA, apresentou o projeto «SustenTUR Algarve – preservação do património natural e cultural da região do Algarve», que terá um apoio financeiro de 204 mil euros e deverá decorrer até 30 de novembro de 2020.
Este projeto irá promover ações que visam a capacitação de pequenas empresas e alojamentos locais, a sensibilização para a importância e respeito pelo património cultural do Algarve numa parceria com a CCDR Algarve, a mobilização de turistas e residentes pelo «Algarve bonito por natureza», a informação sobre a rede de património e «combate à turismofobia», que é «mais notada nos grandes centros urbanos».
João Fernandes salientou que «temos de estar atentos e trabalhar com os residentes» alertando para «o turismo [que] gera bem-estar e é o mote do desenvolvimento económico do Algarve».
O Turismo de Portugal e a Associação Safe Communities Portugal, representada pelo presidente por David Thomas, assinaram um protocolo de colaboração.
David Thomas salientou que «a segurança é muito importante, quer para residentes, quer para os turistas» e reconheceu o «bom trabalho feito para a segurança» e que Portugal e o Algarve são conhecidos «como um local acolhedor e seguro».
Para finalizar, Ana Mendes Godinho, secretária de Estado do Turismo, sublinhou que o objetivo do programa de ação «Revitalizar Monchique» é «aproveitar os ativos naturais de Monchique como fator chave de revitalização» e congratulou a «capacidade de fazer acontecer no terreno».