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Monchique comemora 120 anos da visita do Rei D. Carlos e da Rainha D. Amélia

Postal da Visita Real
Postal da Visita Real

«Estão no Algarve os Reis de Portugal. Bem vindos sejam!» Foi assim que a imprensa regional saudou a chegada ao Algarve do Rei D. Carlos e da Rainha D. Amélia de Orleães no ano de 1897, quando permaneceram durante uma semana na região, subindo a Monchique no dia 13 de outubro.

Para assinalar o 120.º aniversário desta visita real, a Câmara Municipal de Monchique (CMM) preparou uma ação, onde recriou este dia com dois animadores vestidos a rigor, que visitaram as escolas do concelho e algumas das principais ruas da vila, entregando uma réplica do postal distribuído, em 1897, à população, «reforçando o conhecimento pela história local e continuando a manter uma estreita ligação com o princípio de afirmação do município promotor da educação», explica nota da CMM.

Em 1897, a chegada à vila dos soberanos deu-se, segundo a imprensa, às 11h45, sendo acompanhados «de várias individualidades concelhias, nomeadamente o administrador do concelho e representante do Governo José Sebastião “da Venda”, o presidente da câmara municipal e antigo deputado José Joaquim Águas, o juiz de direito substituto e conservador do Registo Civil, Dr. Francisco do Rego Feio, o grande proprietário local e deputado pelo círculo de Silves (a que o concelho pertencia), coronel José Gregório de Figueiredo Mascarenhas, vereação, restantes autoridades, figuras de destaque local, povo e pelo menos uma das várias bandas musicais que então existiam no concelho. Nas Caldas de Monchique o rei e a rainha receberam flores das três filhas do Dr. João Bentes Castel-Branco, médico e concessionário da estância termal, que lhes preparara uma marcante receção, com visita ao Sanatório Kneipp e uma exposição de artesanato, vestuário e medicamentos naturais», relata a CMM.

Lorjó Tavares, descreve que a vila quando chegaram estava «[engrandecida por] uma deliciosa ornamentação toda campesina (…) com as ruas transformadas em tapetes de junco, postes enfeitados a murta, arcos singelos, medronheiros com as suas bagas vermelhas como morangos, festões torcidos a alecrim de que pendiam cachos de flores silvestres, maçãs e romãs, paredes de alto a baixo estufadas de murta e urzes.(…)». Faz ainda referência aos «pinhais, sobreiros, medronheiros, grandes moitas de alecrim e de rosmaninho balsâmicos. O cenário agiganta-se, alargam-se os horizontes, cavam-se vales fundos e apertados (…), de espaço a espaço, nas voltas da estrada toda em zig zags caprichosos, entrevê-se pelas abertas dos cimos sobrepostos, a Picota, penedo abrupto de difícil acesso, e que fica ao nascente da Foya, a soberba rainha serrana sempre namorada por grandes massas de nuvens».

A CMM considera que «este foi um dia marcante à data para toda a região, que acolheu durante uma semana os Reis de Portugal e, como tal, deve continuar a ser recordado, pois mais do que um marco histórico associado a uma rica herança cultural, espelha bem aquele a que muitos continuam a chamar “O Jardim do Algarve”, bem representado na descrição da imprensa daquela altura», conclui o comunicado.

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