Ministro da Saúde promete soluções para combater situação “crítica” do SNS em visita a Monchique
Dadas as dificuldades sentidas atualmente no seu Centro de Saúde, Monchique foi o primeiro concelho do Algarve a receber a visita oficial do ministro da Saúde no âmbito da iniciativa “Saúde Aberta”, que tem como objectivo identificar as necessidades existentes nas unidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS) do país.
Durante a visita que decorreu na manhã de segunda-feira, e que veio no seguimento de um pedido de “reunião urgente” da parte do presidente da Câmara Municipal de Monchique, Manuel Pizarro reconheceu que a região está a passar por uma fase “crítica” por só haver um médico em serviço. Embora tenha admitido que não é “a presença do ministro” que irá resolver a situação “de imediato”, prometeu que até ao final do ano de 2023 será encontrada uma solução — na melhor das hipóteses, “nas próximas semanas ou nos próximos meses”.
Citado pela agência Lusa, o ministro afirmou que o Governo tem de momento duas prioridades para o setor da Saúde no Algarve, nomeadamente a otimização dos recursos e a criação de novas instalações. “Vamos finalmente arrancar com a construção do novo Hospital Central no Algarve”, garantiu, acrescentando que a medida visa tanto melhorar “as condições para prestar serviço às pessoas”, como também criar “um novo entusiasmo para atrair profissionais”.
Em Monchique, a organização dos cuidados de saúde é “especialmente complexa” pelo facto de ser preciso uma maior “flexibilidade” para dar resposta à variação da população que se verifica consoante a altura do ano, continua Manuel Pizarro. “São cerca de meio milhão de pessoas regularmente, mas há períodos do ano em que os que vêm de fora são bastante mais do que os que vivem cá”, frisa.
Antes de mais, nota o ministro, deve-se tentar perceber “porque uma zona tão bonita [como Monchique] é tão pouco atrativa para os médicos, quais os problemas que se colocam e ouvir os profissionais, a Câmara Municipal e as pessoas”.
O presidente da Câmara de Monchique, que recebeu a comitiva liderada pelo ministro nos Paços do Concelho e depois a acompanhou, juntamente com os presidentes das Juntas de Freguesia, na visita às instalações do centro de saúde, fez questão de lhe transmitir que “é desesperante para um autarca ver a população sofrer por uma necessidade básica”, de acordo com a TSF. “Há pessoas que vêm para aqui para ter uma consulta às 4 horas da manhã”, apontou Paulo Alves.
Actualmente, apesar de estarem listados quatro médicos no quadro do Centro de Saúde de Monchique, só três é que se encontram teoricamente disponíveis. E, destes três, um reformou-se e outro está de baixa médica prolongada, pelo que Juan Ernesto Loy, um médico cubano, é o único que se encontra a atender os cerca de 5.700 doentes necessitados.
Para atrair mais profissionais, é por isso essencial que existam “centros de saúde novos e bem equipados”, conclui o ministro da Saúde, assim como um reforço da aposta na descentralização no Algarve. Isto porque “não há ninguém melhor que as autarquias para conhecerem as realidades locais e garantirem a manutenção e o bom funcionamento dos centros de saúde”, nota Manuel Pizarro.
De momento, está a decorrer a fase de discussão pública do Projeto de Regulamento Municipal de Apoio à Fixação de Médicos no concelho de Monchique, lembra a autarquia na nota de imprensa enviada às redacções. Tudo indica que no dia 14 de Fevereiro serão conhecidos os resultados da discussão.
Depois de Monchique, o ministro dirigiu-se ainda a Aljezur, Vila do Bispo, Lagos, Portimão e Faro, tendo deixado os restantes dez concelhos algarvios para os seus dois secretários de Estado, Margarida Tavares e Ricardo Mestre. Estas visitas oficiais inseriram-se na primeira edição da iniciativa “Saúde Aberta”, que terá um caráter periódico e engloba todos os distritos do país.