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«Linha Terra» expõe duas dimensões na Galeria Municipal

«Linha Terra» é o título da exposição de escultura, da autoria de Catarina Alves, que está patente na Galeria de Santo António, em Monchique, até dia 18 de setembro, de terça a domingo, entre as 14h00 e as 20h00.
Nesta exposição, a autora apresenta «uma linha do horizonte» que separa «o que está por baixo, isto é, aquilo de onde se nasce, do que se expande, ou seja, do que vem depois, das escolhas que são feitas e das raízes que são criadas por cada um de nós».
Esta é, aliás, uma das várias características que define o trabalho de Catarina Alves, que assume a sua «constante procura pelo início das coisas, o nosso início, pelas raízes de onde viemos e pelas que são criadas em nós, através da partilha e das conversas e histórias que ouvimos», explicando que «no fundo, é isso que eu acabo por representar de uma maneira plástica».
Na natureza, as raízes formam-se no subsolo, mas nos projetos de Catarina, essas expressam-se, geralmente, através do barro. «O meu trabalho é muito virado para o barro e acho que isso tem a ver com a minha procura constante com a ligação à terra. A terra é qualquer coisa que a gente pisa e por isso eu associo-a ao barro; e depois a forma que é possível dar ao barro é algo que me agrada muito e como não tenciono mudar esse percurso, é um material que tem de estar sempre presente», acrescenta a escultura.
De facto, a maioria dos trabalhos expostos na mostra revelam a ligação da escultora com a terra e grande parte dos materiais empregues nas obras remetem-nos para o solo que pisamos. São exemplos disso, para além do barro e das
pedras, os troncos e os ramos de árvore, utilizados com frequência para simbolizar as raízes que nos conduzem por destinos incertos. A artista, meio que em estilo minimalista, aposta em materiais simples e reduz ao mínimo as tonalidades das pinturas, aplicando cores escuras como pretos, cinzentos e castanhos, as quais por vezes, se confundem
numa tela monocromática.
O seu objetivo é «o abrir de novos horizontes e prespetivas» e isso, nesta exposição, está bem visível através de certos elementos a que escultora recorre para representar os caminhos possíveis em direção ao futuro, sem nunca, no entanto,
esquecer as raízes e a linha que permitem essas descobertas. «Eu utilizo muito as portas, mas através de tons escuros, porque aqui além de serem uma ligação à terra, para mim é sempre uma incógnita de nunca saber o que se vai passar a
seguir», explica.
A dinâmica de Catarina não vem de agora e a mostra é o resultado de vários anos de experiência e aprendizagem. Em 2009, quando fora convidada por José Carlos Barros, cenógrafo marionetista e «grande impulsionador no meu gosto e vontade por continuar sempre por este caminho» a ingressar no seu ateliê situado na Amadora, a ceramista também tomou o gosto pelas marionetas, teatro de rua e por «tudo o que seja cenografia», como conta. Paralelamente a isso,
aprendeu a lidar com o ferro e com a fibra de vidro, bem como a melhorar a técnica dos moldes de gesso.
As suas raízes familiares que tem em Monchique fazem com que Catarina visite o concelho com alguma frequência – nomeadamente nas férias de verão – e permitiram a estreia desta exposição num espaço que considera «acolhedor» e que merecia ser palco de «mais iniciativas do género».
Catarina Alves nasceu em Lisboa em 1987 e é licenciada em escultura pela Faculdade de Belas Artes, da Universidade de Lisboa, tendo desenvolvido o seu projeto de fim de curso nas Oficinas do Convento em Montemor-o-Novo.
Desde então, tem participado em várias exposições coletivas e individuais, prevendo levar a «Linha Terra» a mais duas salas até final do ano.

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