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Investidores privados podem reabilitar o Convento de Nossa Senhora do Desterro

Artigo publicado na edição 476, de 28 de julho de 2023 – com informações atualizadas

O Convento de Nossa Senhora do Desterro foi integrado no Programa REVIVE, que é uma iniciativa que coloca imóveis públicos de elevado valor patrimonial que não estejam a ser usufruídos pelas comunidades à disposição do investimento privado, através da concessão da sua exploração por concurso público, para o desenvolvimento de projetos turísticos (mantendo, no entanto, uma componente de uso público no campo cultural). Trata-se de um “passo em frente”, segundo o Município de Monchique, que abre portas a que um investidor particular tome conta deste convento franciscano, fundado em 1631, cujo projeto de reabilitação se tem arrastado de executivos em executivos.

Para que o imóvel pudesse ser incluído neste programa estatal, era preciso que fosse propriedade da Câmara Municipal de Monchique – o que já está praticamente acordado. “Quando nós entrámos, havia um contrato de promessa de compra e venda em que tinha sido acordado o pagamento de 130 mil euros. Foram pagos 50 mil de entrada e ficaram 80 mil, que ainda tenho em orçamento para pagar aos herdeiros. E já há o acordo com os titulares para se fazer a escritura”, explica o vice-presidente Humberto Sério. “Só falta essa pequena franja, mas está tudo encaminhado”.

Para o vice-presidente, há que agarrar esta oportunidade concedida pelo REVIVE, uma vez que o orçamento de que o Município dispõe não seria suficiente para a reabilitação do Convento. “Face toda uma série de projetos que temos em andamento e temos de concretizar – não estou a dizer que são mais importantes ou menos importantes que o Convento -, não poderíamos deslocar verbas” para esse fim, afirma Humberto Sério. O ideal seria se houvesse uma “candidatura da UE que permitisse um apoio, entre 70% a 80%, a fundo perdido”, mas, como não é este o caso, é de “aproveitar o REVIVE”. Até porque muitos monumentos abandonados pelo país já têm sido reabilitados através deste programa, continua, pelo que há esperança de que apareçam investidores interessados (que tanto podem ser nacionais como estrangeiros).

Sobre o que poderá ser feito com o Convento, que no início do século passado já estava em avançado estado de ruína, a decisão ficará a cargo dos investidores. “Há é a garantia, por ser um programa gerido pelo Turismo de Portugal, de que aquilo não vai ser tudo abatido. É para manter aquela fachada, manter a capela, manter a estrutura. Tudo o resto, eles que façam aquilo que entenderem em termos de quartos, dormitórios, o que seja”, refere Sério. O município ficará apenas responsável por melhorar a acessibilidade, estando sobre a mesa a possibilidade de se fazer uma estrada na parte superior, com um largo para criar oportunidades de estacionamento. “Isto depois vai ser alvo de uma obra pública, que nós temos de assegurar”, conclui.

Segundo as informações reunidas pelo Programa REVIVE, na altura em que ainda era usado como residência, o edifício do Convento era constituído, no lado este, pelo primeiro átrio, corpo da igreja e capela-mor; no lado norte pela antiga sacristia e ruínas de uma antiga capela; no lado poente pela frente desta capela e celas; e no lado sul pela frente da igreja e torre, e por mais celas. No centro situava-se o antigo claustro e havia ainda uma grande cerca com espécies arbóreas específicas, de onde se destacava uma magnólia multicentenária que esteve classificada enquanto Arvoredo de Interesse Público até 2016.

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