EditorialOpinião

Cidadania inteligente

Ouvimos há poucos dias, num evento cultural, uma intervenção dirigida no sentido de que nos devemos, todos, esforçar para a conjugação coletiva de esforços a fim de defender os interesses locais e regionais.

Parece um lugar comum mas o que chamou a atenção é que o desafio citava a organização de um Congresso realizado no Algarve há precisamente cem anos e fez com que republicanos, monárquicos, liberais, conservadores ou progressistas se unissem todos no mesmo sentimento: a defesa do Algarve e do turismo.

Um século depois a lição parece esquecida, de vez em quando. As quezílias, até pessoais, sobrepôem-se aos interesses das comunidades. Os grupos, as cores, os partidos, as religiões, que dizem sempre defender o interesse das pessoas, nem sempre deixam aparecer a sua maturidade.

Neste contexto congratulamo-nos com a aprovação por unanimidade de três moções apresentadas por diferentes forças políticas na última sessão da Assembleia Municipal de Monchique. O pesar pelo recente falecimento do cónego Firmino Ferro que foi pároco na serra durante 15 anos, o repúdio pela eventualidade da exploração de hidrocarbonetos no mar e na terra algarvios e o pedido de retorno de pelo menos algumas valências do tribunal, uniram os representantes democraticamente eleitos, na sua totalidade. Isto só foi possível porque se vive num estado de direito democrático surgido da revolução de 25 de Abril de 1974 e consagrado pela Constituição em vigor desde 1976. Por unanimidade os deputados monchiquenses aprovaram também uma congratulação por este facto. Uma bonita lição de cidadania e uma boa base de intenções para a efetivação de acordos objetivos na busca de desenvolvimento equilibrado, sustentável e que dignifique os seres humanos apoiado no que têm de melhor, a inteligência.

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