As Estrelas
Por todo o lado vemos estrelas. É nas ruas, nas montras, até as pomos nas nossas casas. São arremedos da estrela anunciadora do nascimento de Jesus, a estrela que guiou os reis magos, vindos dos seus diferentes reinos até Belém. Mas isto é apenas uma comemoração do que aconteceu há mais de 2 mil anos. Hoje não há estrela que guie Belém.
Já foi o tempo em que 9 em cada 10 estrelas usavam Lux, embora sem ter ficado registo do que a décima usava, provavelmente a mais bela de todas. O estrelado, e não estou a falar de ovo nem de anis, é agora mais efémero. A televisão fabrica estrelas às molhadas, mas que aparecem e desaparecem mais rápido que um meteorito a atravessar a atmosfera durante uma chuva de estrelas.
Continuam, no entanto, as estrelas a brilhar nos ombros dos generais, apesar de haver cada vez menos soldados. Ainda existem estrelas-do-mar, mesmo estando este cada vez mais poluído. Também continuamos a deliciar-nos com as estrelas de figo, embora a agricultura esteja de rastos. Ainda há quem dê nome de estrela a vaca, não porque tenha alguma coisa a ver com a serra ou a basílica assim chamadas, mas só porque tem uma mancha branca na testa.
Tirando aqueles a quem a sorte, ou a manha, tem sido risonha, que nasceram com uma estrela, que é como diz o povo, com o cu virado para a Lua, de vez em quando até vemos estrelas com as medidas que nos aplicam.
Já raramente se conseguem ver estrelas no céu, ofuscadas que são pelas luzes das cidades. Por muito que cheguem a acordo sobre a sustentabilidade do planeta, como agora na cimeira de Paris, os países subjugam-se aos ditames do consumismo e do dinheiro. Deitam foguetes, que estralejam no ar, na forma de estrelas brilhantes e coloridas, mas que rapidamente se apagam, resultando apenas na queda de canas mortas.