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«A nossa missão é tentar contribuir para uma melhoria da saúde da população»

O concelho de Monchique tem, desde 13 de abril, uma nova valência nos cuidados à população. A UCC Mons Cicus, composta por profissionais de saúde de várias áreas, vai intervir nos cuidados continuados e em ações que visam aumentar a literacia da comunidade na área da saúde. Com capacidade para auxiliar 10 camas no serviço domiciliário e com proximidade junto da população, esta unidade, coordenada pela enfermeira Patrícia Carneiro, pretende informar e formar as pessoas «para que consigam tomar as suas decisões e melhorar a sua qualidade de vida».

 

Jornal de Monchique – Que valências vão ser oferecidas aos utentes na UCC Mons Cicus?
Patrícia Carneiro – A nossa missão é tentar contribuir para uma melhoria da saúde da população, seguindo-a ao longo do seu ciclo de vida, desde a conceção, através do curso de preparação para o parto, que vai iniciar assim que tenhamos as condições reunidas, até aos nossos idosos. Acima de tudo, o que nós visamos é informar para capacitar a população.

JM – Como é constituída a equipa da UCC Mons Cicus?
PC – Esta equipa é constituída por quatro enfermeiras, uma assistente técnica e uma assistente operacional a tempo inteiro. Depois temos a assistente social, o higienista oral, a fisioterapeuta e o médico, que disponibilizam algumas horas mensais para dar resposta aos programas da UCC Mons Cicus que integra o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Barlavento da Administração Regional de Saúde do Algarve.

JM – Como é que pretendem atingir os vossos objetivos?
PC – Através do aumento de literacia da comunidade com ações de sensibilização de diferentes temáticas. Vamos trabalhar muito o Plano Local de Saúde e as necessidades da população. De acordo com isso, iremos desenvolver um ciclo de intervenções na comunidade, no sentido de informar as pessoas, para que assim consigam tomar as suas decisões e melhorar a sua qualidade de vida e dos que as rodeiam. Além destas valências da promoção da saúde e prevenção da doença, uma das nossas intervenções é o apoio da equipa de Cuidados Integrados na Comunidade, que integra a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados (RNCCI).

JM – Quem são os utentes abrangidos pela Equipa de Cuidados Continuados Integrados (ECCI) da UCC Mons Cicus e qual a sua missão?
PC – São todos aqueles que são encaminhados, pela equipa multidisciplinar da Unidade de Cuidados Personalizados de Monchique, Equipa de Gestão de Altas do Centro Hospitalar Universitário do Algarve, Unidades de Convalescença e Unidades de Média Duração e Reabilitação, que cumpram os critérios de integração na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados.
A ECCI tem como missão responder às necessidades globais do utente com dependência (transitória ou crónica) e sua família, através da prestação de cuidados no domicilio de forma personalizada, favorecendo a autonomia do utente/família promovendo a dignidade e qualidade de vida e reinserção na comunidade.
É uma mais-valia no sentido da reabilitação dos utentes, da melhoria do seu estado através da formação e capacitação dos cuidadores informais, mas também no sentido de diminuírem a sua incapacidade funcional. Esta rede está ativa desde 2006 e faz parte da nossa carteira de serviços, pelo que os utentes desta UCC têm acompanhamento médico, de enfermagem, serviço social e fisioterapia.
Neste momento temos um médico que faz parte do nosso serviço, desde o início de abril e dá resposta aos utentes da rede. No entanto, todas as pessoas que necessitem de formação podem sempre deslocar-se às nossas instalações, que teremos todo o gosto em ajudar da melhor forma que pudermos.

JM – Qual é capacidade que esta unidade tem para apoiar os utentes?
PC – Esta unidade possui a capacidade para acompanhar 10 utentes no seu contexto domiciliário.

JM – Como decorrem as visitas domiciliárias da ECCI?
PC – Quando o utente é integrado na rede, é realizada uma visita domiciliária pela equipa multidisciplinar (médico, enfermeiro, fisioterapeuta, assistente social), que faz a avaliação/ levantamento das necessidades do utente/família.
As visitas domiciliárias seguintes, são agendadas de acordo com as necessidades identificadas pelos vários perfis profissionais.
Trata-se de uma visita em contexto holístico, pelo que não avaliamos só o utente, mas também o seu cuidador e o ambiente que o envolve. Detetamos se há riscos de queda, de úlceras de pressão e capacitamos a família/ utente na gestão da sua medicação.

JM – No contexto de saúde escolar já fizeram algumas ações. Que tipo de projetos vão desenvolver junto das escolas e que áreas vão focar?
PC – No início do ano letivo foi realizada uma reunião com a professora responsável pelo programa de PES (Projeto Educação para a Saúde) e com a diretora do Agrupamento de Escolas de Monchique, na qual foram abordadas as necessidades de intervenção identificadas pela escola, nomeadamente ao nível da alimentação saudável, higiene pessoal e sexualidade. Temos vindo a desenvolver essas temáticas, sempre com o objetivo dar continuidade às mesmas.
É nosso intuito desenvolver ações de sensibilização junto da população, nomeadamente a saúde oral, que é uma necessidade em Monchique. O higienista oral vai estar mais presente e iremos intervir nesse sentido, sobretudo junto das escolas. Houve uma necessidade a nível do Programa Local de Saúde de dar resposta à questão da higiene oral, sendo uma das principais necessidades que foram levantadas. De acordo com o feedback que tivermos vamos fazendo mais iniciativas. O nosso objetivo é alargar a intervenção a outras faixas etárias consoante as necessidades e recursos.
Temos, também, outro tipo de projetos que estão em fase de desenvolvimento e que dependem de alguns condicionalismos, como por exemplo o Cantinho da Amamentação.

JM – Qual é a relação que se estabelece entre esta unidade e o Centro de Saúde?
PC – Partilhamos o mesmo edifício e a nossa intenção é mantermos uma relação próxima com os nossos colegas que integram a Unidade de Cuidados Personalizados de Monchique, uma vez que as duas unidades trabalham em complementaridade e o nosso objetivo comum é o bem-estar dos utentes do Serviço Nacional de Saúde.

JM – Como é que está a ser feita a articulação entre a UCC e as instituições locais?
PC – A Câmara Municipal de Monchique tem apoiado a nível de logística, nomeadamente com um carro para apoio domiciliário. Também já delineamos estratégias para dar resposta ao Plano Local de Saúde e iremos trabalhar em estreita articulação com esta autarquia.
Quanto às juntas de freguesia do concelho, ofereceram-nos algum do material que precisávamos e somos muito gratos por isso, mas ainda não nos sentámos para definir quais são as prioridades de cada uma.
Iremos trabalhar também com IPSS (Instituição Particular de Solidariedade Social), como a Santa Casa da Misericórdia ou o Lar de Idosos, em Marmelete, no sentido de avaliar quais são as necessidades que têm ao nível de formação, até porque a nossa missão passa pela capacitação, ou seja, informar para que as pessoas fiquem aptas para cuidar melhor e de forma digna os utentes.

JM – Quais são os desafios a curto prazo?
PC – Para nós, tem sido tudo a muito curto prazo, dando resposta às necessidades mais emergentes. Neste momento, a nossa prioridade é, sem dúvida, as escolas e a rede de cuidados continuados.

JM – Como tem sido a aceitação pela população à UCC?
PC – O projeto foi recebido da melhor forma, pelo que deixo uma palavra de agradecimento, em nome de toda a equipa da UCC Mons Cicus, aos produtores, comerciantes e população em geral.

JM – Quais são as próximas ações junto da população?
PC – Já no próximo dia 17 de maio vamos desenvolver um novo projeto intitulado «Encontro com o Especialista». É uma ação que assinala o Dia Mundial da Hipertensão e que terá a presença do Dr. Francisco Adragão, que nos vai falar sobre os cuidados e as consequências da hipertensão. A sessão tem início às 14h30 no Salão Nobre da Câmara Municipal de Monchique e é aberta a toda a população

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