A freguesia de Marmelete está em obras
Entrevista publicada na edição 476, de 28 de julho de 2023
A freguesia de Marmelete recebeu, no dia 22 de julho, os deputados da Assembleia Municipal de Monchique e o executivo municipal para uma visita às obras que estão a ser realizadas. O programa previa uma breve apresentação da responsabilidade do presidente da Junta de Freguesia de Marmelete, Eleutério Torrado, sobre a reabilitação/arranjos de estradas e caminhos, o Programa de Reordenamento e Gestão da Paisagem da Serra de Monchique e Silves (PRGPSMA) e do Plano nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais (PRGP) e toponímia, seguindo-se uma visita ao parque de lazer e de caravanismo, zona de loteamento de Marmelete, inauguração da calçada do Caminho da Quinta Velha, casa de artes e ofícios e ATM. No final da caminhada, o presidente da junta de Marmelete esclareceu alguns aspetos da visita ao JORNAL DE MONCHIQUE.
Jornal de Monchique – Qual o balanço que faz destes quase dois anos de mandato?
Eleutério Torrado – Apesar de ser uma freguesia pequenina, há sempre muita coisa para fazer, muitas pessoas para atender, porque a principal preocupação e foco são as pessoas e tentarmos responder às suas necessidades. Estou satisfeito, porque o que nos propusemos fazer, felizmente, está a ser desenvolvido. É compensador ver os projetos a avançar.
JM – Candidatou-se várias vezes à presidência da Junta de Freguesia de Marmelete. Tem um sabor especial estar, agora, neste cargo?
ET – A pessoa quando se candidata é sempre com o intuito de ganhar e de tentar fazer o melhor pela sua freguesia e eu, muito embora não more permanentemente aqui, sempre gostei muito da minha freguesia e sempre fiz tudo por tudo para que ela se desenvolvesse, até noutras funções que tenho. A questão da democracia é isso mesmo. Umas vezes ganha-se, outras vezes perde-se. Realmente já tinha perdido três vezes, mas desta vez os eleitores entenderam que eu deveria ganhar e eu vou fazer os possíveis para merecer a confiança que depositaram em mim.
JM – Como tem sido a aceitação das pessoas?
ET – As pessoas estão satisfeitas com o que veem. Penso que estamos a corresponder às expetativas. É evidente que não conseguimos agradar a todos. Há situações que não conseguimos responder e pedimos desculpa por isso. Eu lembro que estamos aqui há 22 meses e o mandato são de quatro anos. No final desse tempo tentaremos dar resposta a tudo o que nos propusemos em termos de objetivos e de programa e tudo faremos para concretizar isso.
JM – Uma das obras que visitámos foi do parque de caravanismo e do parque de lazer, que tem um prazo de 180 dias de execução. Quando é que as pessoas podem começar a usufruir destas infraestruturas?
ET – As obras têm seis meses para serem concluídas, mas poderá não acontecer, porque há sempre derrapagens temporais nestas coisas. Penso que até ao final do ano estarão as duas infraestruturas concluídas. Quanto ao funcionamento do parque de autocaravanas, que pode albergar 44 caravanas, é uma questão burocrática em termos de definição e operacionalização, mas no início do próximo ano, seguramente, será inaugurado. O de lazer, que é constituído por um anfiteatro natural, um parque de máquinas de condição física, um parque infantil, um parque de merendas e uma piscina, só mais para a frente. Por exemplo, as pessoas só poderão usufruir da piscina no próximo verão.

JM – Marmelete também está inserido na Estratégia Local de Habitação. O que se prevê para a freguesia?
ET – Neste momento temos aprovadas 15 habitações, cinco das quais fazem parte da Estratégia Local de Habitação para Marmelete. Para os outros 10 fogos previstos, a metodologia não está ainda definida, mas serão para particulares adquirirem e será oferecido o projeto. Neste local também estava previsto uma piscina mas, após revisão do projeto, foi deslocada para o parque de lazer. Se tudo correr bem, o concurso vai ser agora lançado ainda antes do ano civil terminar, para que fiquem feitos os arruamentos. Posteriormente, vai ser dado início ao processo de consulta das pessoas que estejam interessadas. Tenho plena convicção que no final do mantado estarão casas naquele local.
JM – Outra das obras a decorrer é a Casa das Artes e Ofícios de Marmelete…
ET – Espero que esteja concluída até final deste ano e tenho pena que não tenha sido feita há mais tempo, porque os artesãos vão escasseando na nossa freguesia. Contudo, penso que temos que mudar um pouco o conceito de artesão, porque temos várias pessoas, nomeadamente da comunidade estrangeira, que fazem outro tipo de artesanato, como os sabonetes e cremes de produtos naturais, e nós consideramos que isso também é artesanato. Poderemos fazer uma mistura de tradições e de gerações, porque já não é só a colher de pau ou o vime. Aquele local estará disponível para que as pessoas da freguesia e do concelho possam estar a produzir, a expor e, eventualmente, a comercializar o seu artesanato. A parte operacional será desenvolvida com a criação de um regulamento de funcionamento, tal como o parque de lazer e caravanismo. Tentaremos encontrar uma situação que agrade a todos. Ainda neste contexto, no muro contíguo à Casa das Artes e Ofícios está a ser pintado um mural pela artista Meire Gomes com as antigas profissões de Marmelete.
JM –Marmelete está muito próximo do Autódromo Internacional do Algarve e das praias de Aljezur, considera a localização da aldeia um privilégio?
ET – Quando se colocou a questão do autocaravanismo e do parque de lazer foi uma das premissas que foi realçada. Marmelete está na serra, mas fica a poucos quilómetros do mar, ou seja, é um local ideal para que as pessoas possam estar aqui no parque de caravanismo durante a noite e durante o dia frequentar a praia. Marmelete tem uma condição excecional para isso e o mesmo se aplica a eventos no autódromo. O que falta aqui, no meu ponto de vista, é uma situação que pode ser revista, que é a questão da habitação. Há muitas casas devolutas, e nós vamos tentar minimizar isso com a questão da habitação que vai ser construída, mas penso que deveria haver um esforço suplementar dos particulares para restaurarem as casas. Neste momento Marmelete está a ter uma grande procura de pessoas de fora para comprar e restaurar habitações e até para viver aqui. Desde as últimas eleições aumentamos o número de eleitores, porque compraram casas velhas, restauraram-nas e estão aqui a morar. Contudo, acho que ainda não é suficiente.
JM – Considera que é necessária uma unidade hoteleira na freguesia? Ou mais alojamento local?
ET – Há um alojamento local na zona dos Gralhos, mas penso que se houvesse mais teria bastante adesão. Uma unidade hoteleira, não sei, penso que poderíamos passar mais pela revitalização e restauração das casas antigas.

JM – No início da visita mencionou o problema da falta de números de polícia na freguesia e de alguns constrangimentos na entrega do correio…
ET – Já foi feito todo o levantamento dos números de polícia de todas as habitações da aldeia e nomeadas novas ruas. A junta adquiriu todos os números de polícia, no total 532, e as placas toponímicas com os nomes das ruas.
JM – Para além do que vimos durante esta visita, está a decorrer mais alguma intervenção na freguesia?
ET – A manutenção/arranjos de estradas e caminhos tem sido uma das grandes apostas deste executivo, com o objetivo de melhorar as condições de transitabilidade das pessoas e de criar melhores condições para que, em caso de incêndio, os meios de socorro, possam passar com mais facilidade. Neste momento, já foram intervencionadas cerca de 70 estradas e caminhos. Relativamente ao Programa de Reordenamento e Gestão da Paisagem da Serra de Monchique e Silves (PRGPSMA) e do Plano nacional de Gestão Integrada de Fogos Rurais, foi lançado concurso, que já está adjudicado, para o restauro ecológico da Ribeira do Passil, no troço Passil/Pinheiro e para a valorização da paisagem envolvente ao aglomerado populacional de Marmelete, da Rua Nova e do Corgo do Vale.
JM – Para além disso, o que está a ser feito em termos de proteção civil na Freguesia de Marmelete? Há algum plano de ação?
ET – Temos o programa Aldeia Segura, Pessoas Seguras que está implementado e esperemos que não venha a ser posto em prática. Nesse âmbito, temos três pessoas responsáveis, duas em Marmelete e uma nos Gralhos. De um modo mais geral, estão a ser feitas as limpezas nas bermas e nas estradas à volta da aldeia, ao menos para que os carros de bombeiros consigam lá passar, porque se houver um incêndio tem de haver saídas rápidas para os carros ou até para as próprias pessoas.