A Campanha
Quem havia de dizer que campanha, em uso antigo, significava campo, planície, terreno aberto? Aí lutavam os exércitos, de frente a frente, sem cagaços. Daí derivaram os campeões, aqueles que lutavam no campo, expostos, diferentes dos bandidos que atacavam nos bosques, à traição.
Por extensão, campanha passou depois a designar o conjunto de operações de um exército e ainda a união de esforços para alcançar um determinado fim, como numa campanha publicitária. Neste fim de setembro, possivelmente arrastada pelo equinócio de outono, decorre a maior campanha publicitária, que atinge todos os concelhos do país, enche todas as televisões e pretende tocar todas as pessoas.
Oferecem-se brindes de toda a espécie, até já houve quem tivesse oferecido eletrodomésticos, bacalhau e empregos, sendo esferográficas os brindes mais comuns. Os sacos de plástico de outrora já entraram em desuso. Promete-se de tudo, em listas intermináveis de coisas e ações, que passam iguaizinhas de anos para anos. As marcas, os promotores copiam os anunciados benefícios dos produtos, uns dos outros, sem qualquer pejo, sem receio ou vergonha de serem, eventualmente, comparados com o Toni Carreira.
As promessas, essas, são espalhadas desenvergonhada e tão convictamente como o vendedor de loção milagrosa para a calvície alerta para o cuidado a ter com as palmas das mãos, não vá aí começar a nascer-lhe cabelo.
As faixas e os cartazes disseminados por todo o lado invariavelmente são idênticos, do mesmo tipo, ao ponto de confundirem os consumidores que ficam com dificuldade em lhes distinguirem a origem. O que vale é o conhecimento pessoal que se tem dos agentes e das suas capacidades.
No fim da campanha, em cada terra haverá um campeão, o que ganhou em campo aberto, usando e beneficiando de um jogo democrático, por vontade da maioria.
Ah!… Ainda existe outro tipo de campanhas, para além das mencionadas: as campanhas eleitorais.