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45 anos de Escutas e Guias em Monchique

O Agrupamento 383 de Monchique do Corpo Nacional de Escutas (CNE) e a 1.ª Companhia de Guias, da Associação de Guias de Portugal (AGP) são duas associações sem fins lucrativos que têm por base a educação não formal. A proposta para a fundação associativa surgiu em 1973, através do padre Domingos Silva Fernandes, que desafiou os paroquianos monchiquenses para a formação de dirigentes. O desafio foi aceite por 45 elementos, que deram início a um percurso de formação de cinco meses, de modo a ingressarem na vida, espírito e valores propostos pelos dois movimentos.

A 23 de junho de 1973 teve lugar a Velada de Armas, no campo de jogos do Colégio de Santa Catarina, que contou com a presença das 1.ª e 2.ª Companhias de Faro e por vários agrupamentos do Algarve. No dia seguinte, os elementos desfilaram, em marcha, com destino à igreja paroquial, para dar início a uma caminhada de aprendizagem e educação que veio até à atualidade, comemorando-se, assim, este ano os 45 anos da existência de escutas e guias em Monchique.

Para assinalar esta data atuais e antigos dirigentes deram o seu testemunho ao Jornal de Monchique. Entretanto, estão a decorrer inscrições, até dia 9 de junho para todos os que estiverem interessados em participar no acampamento comemorativo que se realiza nos dias 29 e 30 de junho e 1 de julho.

“Prometo, pela minha honra e com a graça de Deus, fazer todo o possível por: – Cumprir cada vez melhor os meus deveres para com Deus, a Igreja e a Pátria; – Auxiliar os meus semelhantes em todas as circunstâncias; – Obedecer à Lei do Escuta.”

E eu prometo escrever nestas linhas, o melhor que conseguir para homenagear o agrupamento 383 do Corpo Nacional de Escutas, pelos seus 45 anos.

Ter sido escuteiro no agrupamento 383 em Monchique enche-me ainda hoje de muito orgulho! Aprendi imenso com os ensinamentos de Baden Powell, e com a leitura do livro “Escutismo para Rapazes.” Embora reconhecendo que nunca fui um “ás” na arte de fazer nós, em orientação e até mesmo na montagem de tendas, e talvez por isso tenha sido designado pelo clã de caminheiros como o “animador de fogos de conselho”, ainda assim aprendi muito mais do que podia imaginar em todos os campos atrás referidos. Porém, foram também os meus “nós de porco”, que serviram para construir a jangada que havia de vencer a descida do rio Arade, no longínquo ano de 1987!

Mas as maiores recordações dos meus tempos no agrupamento 383 em Monchique, estão relacionadas com o convívio entre grandes amigos, com os espetaculares acampamentos no Selão, no Alferce, na praia da Carriagem e em outros tantos bonitos lugares do nosso concelho, e em toda a região do Algarve. Devo ao agrupamento 383, e em particular às pessoas com quem me cruzei, escuteiros e chefes, destacando aqui o Luís Pedro Carneiro e o Chefe José Carlos porque infelizmente já não estão entre nós, muito daquilo que me fez crescer enquanto pessoa e homem. BP também disse um dia: “O caminho para se conseguir a felicidade, é fazendo as outras pessoas felizes.” Existe melhor verdade?

Ficam também os momentos de “caserna”, tais como: “As aventuras na Maria do Trotil”, “As plantas da madrinha”, “Adoramus Te Domine”, “Queres uma foto? Vai para o meio da ribeira e eu tiro uma!”, “Perdidos na Marioila”, “Eu ca… mesmo para a valeta”, “A faca perdida no rio”, “É a sua senhora?”, “Onde estão as minhas sapatilhas RÉBÓK?”, “Rema que a cenoura vai à frente”, “Os Feios lateiros”, “Está ali um lobo! Vai apanhá-lo!”, entre muitos outros…

Por fim, não podia deixar de dar os parabéns à 1ª Companhia de Guias de Monchique, dedicando a mesma canção que lhe dedicamos há muitos anos atrás:
“Às Guiazinhas bonitinhas,
Damos-lhes boas festinhas,
Nas…
…Costinhas!
Uma canhota

Humberto Sério
Antigo Elemento do Agrupamento 383 Monchique

 

Estávamos em 1989, e num normal dia de escola, na Escola primária nº 2, de São Roque, entraram uns adultos, acompanhados de umas crianças, algumas minhas conhecidas, na sala de aulas. Tinham uma farda, diferente das que estava habituado a ver, com uns lenços ao pescoço!

Apresentaram-se como sendo elementos do Corpo Nacional de Escutas, Agrupamento 383 de Monchique, e da Associação de Guias de Portugal, 1ª Companhia de Monchique. Vinham apresentar aos meninos que ainda não conheciam, que era o meu caso, o Escutismo e o Guidismo de Monchique.

Isto para mim foi o suficiente para me apresentar na sede do Agrupamento, logo no sábado seguinte. Entrei como Lobito, embora nunca tenha feito promessa, e fiz o meu percurso, passando pelo Exploradores, Séniores e Caminheiros, desde 1989, até 2002.

Durante esses treze anos participei em actividades, um sem número delas, de secção, agrupamento, regionais e até nacionais. Sendo que a primeira que mais me marcou, como explorador, foi na Fornalha, onde me lembro de pensar que a partir dali, eu tinha que me desenrascar, não tinha quem me fizesse as coisas. Montar a tenda, fazer o sub campo de patrulha, mantê-lo devidamente arrumado e organizado, era uma tarefa que tinha que ser dividida por todos. Preparar a comida, lavar a louça, todas as tarefas. Embora com a supervisão do Chefe, o que mais me impressionou foi a forma como os mais velhos apoiavam e ajudavam os mais novos. E penso que essa é a principal lição que se tira, o mais forte protege o mais fraco. E isso foi uma constante na minha passagem pelo CNE, quando passei a ser dos mais velhos, ajudei e apoiei os mais novos. E este foi só o primeiro acampamento, de muitos outros…

Na altura que saí, tinha já a insígnia de 100 noites de campo. Os fogos de conselho, quando todos nos reuníamos à volta da fogueira para contarmos histórias, representar peças, umas inventadas, outras copiadas, umas sérias, outras cómicas, era o momento máximo das actividades. Os jogos que fazíamos, as actividades que participávamos, muitas delas ainda hoje me trazem uma nostalgia que me faz divagar pelo tempo….

No CNE aprendi a tocar viola, que é uma das actividades que mais gosto de fazer hoje em dia. No CNE fui socorrista de equipa, quem sabe se foi o primeiro arranque para a minha experiência profissional enquanto Socorrista dos Bombeiros de Monchique. Tenho a certeza de que o CNE me ajudou a ser um homem melhor, me ensinou a respeitar o próximo, a ter um espírito de ajuda, a fazer muito, com pouco e a valorizar o pouco que temos, como se fosse muito. A minha vida escutista influenciou muito a minha vida pessoal. Costumo dizer que facilmente se distingue alguém que fez parte de um movimento, seja Escutas, ou Guias, pois as pessoas ficaram com uma pré disposição para servir, desempenhar tarefas, trabalhar em equipa, algo que se aprende nesta família.

Passados 14 anos da saída, quando o nosso filho fez seis anos, falamos com ele e explicamos o que era o CNE, da melhor forma que se pode explicar a uma criança desta idade. Ele interessou-se e quis ir experimentar. Quando entrei na sede, foi uma sensação estranha, como se nunca tivesse deixado de fazer parte do activo. Ficou esta sensação no ar…. Passado algum tempo, recebi a proposta para voltar. Foi daquelas coisas que nem foi preciso pensar, a resposta afirmativa saiu ainda antes de a proposta estar completamente verbalizada.

Presentemente sou candidato a dirigente, estou a trabalhar com a terceira secção e estou muito satisfeito com este meu regresso, pois tal como no dia que entrei na sede, sinto que nunca saí do activo. Verdadeiramente, posso ter saído do activo, mas nunca deixei de fazer parte desta família, onde vivi sem dúvida nenhuma, os melhores momentos da minha infância e adolescência.

Carlos da Quinta
Esquilo Socorrista – Dirigente Agrupamento 383 de Monchique

Eu iniciei-me na Associação Guias de Portugal – 1ª Companhia de Guias de Monchique, com os meus 8 anos, a convite da saudosa e então chefe de Companhia – D. Perpétua Ventura. Ainda lhe estou grata por este convite, pois a partir daí a minha vida de criança, adolescente e depois adulta mudou por influência da aprendizagem que fiz, a vários níveis: pessoal, humano e material, e que continuam a fazer parte do meu dia-a-dia; foram os princípios e a Lei da Guia, os valores espirituais, o respeito pelos outros e a amizade que me marcaram nesta caminhada que fiz até dirigente. Foi com alguma tristeza que tive que me afastar da Associação, por motivos profissionais, mas aquela vivência mantém-se ativa até hoje, de tal forma, que sempre que existem atividades para os antigos elementos, eu lá estou participando com a maior alegria e revivendo aqueles bons tempos de reuniões, de jogos, de acampamentos. Tenho participado, com todo o meu empenho, nos acampamentos que assinalam os aniversários e, se Deus quiser, irei participar no próximo – 45 anos! Aproveito a fazer o convite a todos os antigos elementos, pois vale a pena reencontrarmo-nos e revivermos aqueles bons tempos. Também quero, desde já, agradecer a todos os que estão empenhados nesta atividade, que com tanto trabalho, preocupação e dedicação fazem isto por nós. Um bem hajam por isso. Com saudações guidistas “Sempre Alerta Para Servir”.

Fernanda Pio,
Antigo Elemento da 1.ª Companhia de Guias de Monchique

 

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