45 anos de Escutas e Guias em Monchique (cont.)
Ser Guia é sujar a bota.
Mas não é só.
Ser Guia é também afirmar-me, todos os dias, como jovem mulher capaz. É ser parte de um movimento que assume o compromisso de empoderar cada uma de nós.
É crescer de forma autónoma, e poder desenvolver todo o meu potencial.
É virar saudosista nata ao chegar a casa depois de um acampamento. Pois, na verdade, existe uma certa beleza na nostalgia que sentimos ao voltar.
Quem é Guia cria memórias sem-igual. E, acredito piamente que quando nos reunirmos daqui a 45 anos estarão tão vívidas como hoje. Se não estiverem, haverá sempre alguém a recordar-nos. Porque ser Guia é ser contadora de histórias.
E ser Guia em Monchique é pertencer, também, a uma história.
Eu sou Guia e adoro sujar a bota.
Joana Ginjeira,
Guia Moinho da 1ª Companhia de Guias de Monchique
É difícil dizer o que quer que seja sobre o escutismo sem entrar descaradamente nos lugares-comuns ou sem partir a história nos pequenos pedaços que dizem respeito às memórias e experiências de cada um. Principalmente, daqueles que, como eu, tiveram a honra feliz de crescer e partilhar o espírito escutista.
Não é possível lembrar esses tempos sem revivê-los, pelo menos, em parte, fundindo acontecimentos, peripécias, ensinamentos, valores humanistas e de respeito pela Natureza num sentimento de orgulho ígneo que se torna indissociável do caráter que nos define enquanto pessoas e enquanto cidadãos do mundo.
Quarenta e cinco anos de escutismo e de guidismo enchem e muito o balão de relações humanas. E o balão sobe, no sopro daqueles que deram início à aventura, mas também daqueles que deram um ar da sua graça num determinado momento das suas vidas. Daqueles que sabemos que existiram nesses momentos fulcrais, gente que não conhecemos, mas a quem podemos agradecer o que nos deram, para que, cumprindo o nosso desejo de felicidade, pudéssemos igualmente deixar o mundo um pouco melhor que aquele que nos foi dado.
Por isso, entre amarrações, orações, cânticos, acantonamentos e acampamentos em que, junto dos homens e mulheres a quem chamaremos para sempre amigos, aprendemos a ler e a contemplar as estrelas, o grande ensinamento que se pode retirar da experiência escutista é que cada reunião, cada fardamento, cada actividade em que participámos, é um jogo de pista que nos remete irreversivelmente para o outro.
Cada pessoa que encontrámos, cada canhota que demos, selou um vínculo entre nós e o outro. Nesse gesto, dizemos inconscientemente a nós mesmos que não podemos ser individualmente, não podemos existir na nossa autenticidade, se não formos integrados no todo.
As nossas vidas escutistas ou guidistas podem, por si só, ser consideradas um acontecimento histórico para cada um de nós, na medida em que os muitos amigos que fizemos nesses movimentos juvenis não deixarão nunca de estar connosco. Mesmo que cada um de nós tenha seguido o seu caminho pela vida fora, a parte de trás do rosto que encontramos diariamente no espelho da manhã tem na identidade as marcas distintas daqueles que, num dado contexto, fizeram parte dos nossos dias. Seríamos completamente diferentes se não tivéssemos prometido a lealdade sobre o lenço. Não seríamos os mesmos se não tivéssemos conhecido as pessoas que, connosco, nas sextas-feiras intermináveis da nossa juventude, seguiram de mochila às costas para mais um acampamento. Seríamos outros.
Seríamos diferentes. Seríamos, certamente, muito piores.
Eduardo Duarte
Antigo elemento do Agrupamento 383 de Monchique
“45 Anos a Educar… Ser Guia, é mais do que um sonho”
Embarquei na aventura, de “GUIA ser”.
Após formação técnica, religiosa, social…
Aceitei os objetivos gerais e específicos a promover.
Vivi a Lei, os Princípios… a nível Mundial,
Com a bússola, o optimismo, responsabilidade…,
Agarrei o GUIDISMO, com determinação e lealdade!
“Sempre Alerta Para Servir”, era meu lema.
O campo de “acção”, aberto à minha disposição,
A criatividade, o “ouvido ético”, a decisão…,
Cruzavam-se, entrelaçavam-se…, eram tema.
O que fazer? Tantas esferas a desenvolver.
Liderar? Quais as estratégias e negociações a oferecer?
Às Dirigentes, aos Ramos, às Patrulhas, à pessoa singular?
Com conhecimento, empenho, liberdade…
Para a formação GUIDISTA implementar – Método Próprio – BP, do saber-fazer e do saber ser.
Como transmitir valores e atitudes a respeitar?
Havia que traçar caminhos para a missão de educar,
Planificar, lutar pela construção da “identidade”,
Viver em Democracia, ser pertença da cidadania,
Desenvolver competências, jogar com alegria.
Na Companhia, ter presente o “Ideal Guidista”,
Activando a Vida em Grupo, com flexibilidade.
Consciencializar, para a Progressão e incentivar a “Boa Acção”.
Valorizar a tolerância, abrir a alma e o coração.
A análise crítica, no cumprimento de “regras de vida”,
Que avaliei, transformei até à “sentida partida”.
Fui mobilizada, integrada e retenho o simbolismo da Saudação.
Penso que valeu apena correr o risco nesta Associação.
Sonhei e vivi 29 anos, conquistando a felicidade…,
Como BP propunha, no contributo em cada actividade.
Tentei “Servir”, dar o meu melhor, à Organização e/ou Comunidade.
Incluí a “família”, promovi, parte da Sociedade.
Lembro, agradeço e louvo, quem viveu comigo esta realidade.
Rogo com fé, a Deus, que ilumine a HUMANIDADE!
“Uma vez Guia, Guia para toda a vida” BP
Faço questão ainda, de partilhar este histórico e actual pensamento,
Do querido, alusivo, carismático Chefe Mundial Baden-Powell:
“Recordai-vos, porém: a única maneira de se ser feliz é promover a felicidade dos outros.
Procurai deixar este mundo um pouco melhor do que encontrastes.
Quando soar para vós a hora da nossa morte, partireis felizes, certos de não terdes perdido o vosso tempo, pois destes o vosso melhor.”
Deixo-vos, o meu Totem (característica pessoal), “Gargalhada”, como boa disposição de espirito e amizade para uma “vida mais feliz e mais harmonizada!”
Boa Caça… Alerta…
A Antiga Guia, Ana Maria Chula