Assembleia homenageia Cândida Ventura

O dia em que pela primeira vez a Assembleia Municipal de Monchique se realizou fora dos Paços do Município, desta feita na freguesia do Alferce, coincidiu, por casualidade, com a data do 98.º aniversário do nascimento de Cândida Ventura, 30 de junho de 2016.

A efeméride foi assinalada pelo membro autárquico José Manuel Furtado, evocando a memória de Cândida Ventura, “figura incontornável da democracia portuguesa” e “pessoa muito ligada a Monchique”. Leu o autarca, na circunstância, um texto da autoria de Maria José Vieira de Sousa, uma amiga comum, publicado no seu blogue “Livres Pensantes”, iniciado com a citação com que

Cândida começa o livro O “Socialismo” que eu vivi: “Nasci em Lourenço Marques, mas passei a maior parte da minha infância nas Caldas de Monchique, termas a 250 metros de altitude, no vale da serra de Monchique (Algarve)…”

O texto classificava Cândida Ventura como “dos mais importantes e notáveis combatentes ao regime autoritário que dominou Portugal, durante quatro décadas do século XX”, passou “uma vida em clandestinidade, na defesa de uma ideologia que prometia cortar as assimetrias sociais e as penosas restrições da Liberdade. (…) Foi André, Catarina (Catherine na Checoslováquia) e altri.”

Prosseguia a bloguista Maria José, também prefaciadora da última edição da citada obra, na caracterização da pessoa da evocada: “Cândida amava a vida, (…) viveu longamente. Impregnava-a uma força que contagiava, (…) E era uma mulher formosa e admirável. Tinha um sorriso largo. Peculiar. Sabia cativar-nos. Era um ser de enorme verticalidade, de uma honradez singular que soube calar os grandes segredos que nela viviam e que poderiam fazer acender os holofotes sobre o Partido a que aderiu em 1936. Cândida tem lugar no Panteão de todos nós. Com ela conjuga-se a Liberdade, a Justiça, a Fraternidade.”

O presidente da Assembleia Municipal de Monchique, Fernando Várzea, para tornar esta evocação mais oficial propôs um voto de homenagem a Cândida Ventura (1918 – 2015), que foi aprovada por maioria com uma abstenção.

Na mesma sessão daquele órgão autárquico foi ainda aprovada, por unanimidade, uma moção por um novo quartel da GNR em Monchique, dada a precaridade das instalações atuais, solicitando ao Ministério da Administração Interna a respetiva construção, que vise “assegurar condições de operacionalidade, eficiência, logística e alojamento indispensáveis a uma boa qualidade de serviço às populações”, e recomendando à Câmara Municipal a “cedência de terreno para construção do imóvel.”

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